Escritora Diana Athill morre aos 101 anos

Escritora Diana Athill morre aos 101 anos

Editora foi responsável por publicar obras de nomes como John Updike, Philip Roth e V.S. Naipaul

Correio do Povo

Escritora e editora Diana Athill morre aos 101 anos

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A autora e editora Diana Athill, responsável por revisar e publicar obras de nomes como John Updike, Philip Roth, Margaret Atwood, Jean Rhys e V.S. Naipaul, morreu aos 101 anos nesta quinta-feira. A inglesa, que viveu a vida "por trás" dos livros com o sucesso como escritora, transformando seu olhar conflituoso em amor, trabalho e se aproximando da morte em memórias, é conhecida internacionalmente por títulos como "Uma Vida Extraordinária", "Instead of a Letter" e "Stet". Apesar do êxito global, seus trabalhos foram pouco traduzidos no Brasil.

"É com grande tristeza que anunciamos a morte da memorialista e editora Diana Athill após uma breve doença. Ela tinha 101 anos. Sentiremos sua falta imensamente", anunciou a editora Granta nesta manhã.

Sigrid Rausing, editora da Granta, emitiu um comunicado no qual afirma que o trabalho de Athill era "de certo modo exatamente igual a ela - formidável, verdadeiro, muitas vezes divertido". "É tentador ver um como o contraponto do outro - paixão sexual versus disciplina editorial. Eu acho que a combinação a fortaleceu, certamente como escritora, e provavelmente como editora (e apaixonada) também. Ela tinha, em todo caso, a rara habilidade de crescer aparentemente mais forte, não mais fraca, com tudo que a vida trouxe, transcendendo os preconceitos de seu dia e aprendendo com os erros", escreveu. "Diana era uma instituição em Granta. Sentiremos falta de seu espírito indomável", finalizou.

Diana Athill nasceu durante um ataque aéreo em Londres, em 1917, e estudou inglês em Oxford. Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou para a BBC, antes de ajudar Andre Deutsch a fundar sua editora, Andre Deutsch Ltd Publishers, onde trabalhou pelas cinco décadas seguintes. Ela disse à revista New Statesman em 2012 que ser um editor, na maioria das vezes, era uma “coisa simples”. "Nós não teríamos publicado um romance se não pudéssemos publicá-lo quando chegasse", disse ela. “Então, trabalhei para aperfeiçoá-los um pouco.” Ela se autodenominava “babá” em vez de editora, afirmando que apenas cuidava das obras.

Athill publicou oito memórias. Ela escreveu até os noventa anos, versando sobre sua própria vida e suas paixões - jardinagem, moda, família e sua velhice. Também falou sobre sua vida amorosa e não se esquivou do assunto do sexo como uma idosa, e seu livro "Uma Vida Extraordinária" (2008), um olhar franco sobre a velhice, seu primeiro a ser lançado no Brasil e conquistou o Prêmio Costa Biography e o National Book Critics Circle Award. Com 91 anos de idade, ela foi a autora mais velha a ganhar a história da premiação.

Ao criar, pela franqueza de suas memórias, uma vasta reputação como escritora, ela descreveu de maneira honesta as perdas e ganhos que a velhice traz, resgatando além de revelações sobre o mundo dos escritores. Repleta de passagens em que fica nítido seu talento em romper tabus, o título à tona relações e afetos que fogem aos padrões preconcebidos, a arte de exercitar a serenidade diante de relações amorosas, a obstinada fuga dos estereótipos e a confiança de que os laços afetivos mais importantes se sustentam simplesmente pelo que são.

Por conta de seus trabalhos, foi tema de um documentário da BBC de 2010, "Growing Old Disgracefully" ("Envelhecendo desonrosamente", em tradução" literal). Em entrevistas ao The Guardian, em 2017, quando se aproximava seu aniversário de 100 anos, Athill disse que teve sorte em sua vida, acrescentando que “as coisas saíram tão bem para mim que eu pude ter uma filosofia muito relaxada, que é me divertir".

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