Especialista alemão questiona autenticidade de itens expostos no Museu do Holocausto de Buenos Aires

Especialista alemão questiona autenticidade de itens expostos no Museu do Holocausto de Buenos Aires

Para Stephen Klingen, os 83 objetos são falsificações ou peças originais da década de 1930 que tiveram suásticas e outros símbolos adicionados mais tarde

Correio do Povo

Museu reabrirá neste mês após período de reformas

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Especialistas alemães apontam que artefatos nazistas que serão exibidos na reabertura do Museu do Holocausto de Buenos Aires, no próximo mês, são provavelmente falsificações. Stephen Klingen, do Instituto Central de História da Arte de Munique, concluiu que os 83 objetos são forjados ou peças originais da década de 1930 que tiveram suásticas e outros símbolos adicionados mais tarde. "Você pode exibir os objetos como falsificações, mas não pode aprender nada sobre a era nazista com eles", disse Klingen ao jornal The Guardian por e-mail.

Klingen disse que ficou chocado com a forma como autoridades argentinas lidaram com os objetos: o chefe de polícia federal Néstor Roncaglia e a ministra de segurança Patricia Bullrich receberam um relatório dele no ano passado afirmando inequivocamente que quase todas as peças eram falsas. O relatório de oito páginas foi acompanhado por um adendo de 280 páginas, descrevendo como ele chegou às conclusões de cada peça.

Por exemplo, um dispositivo de medição do crânio teria sido fabricado entre 1890 e 1910, e uma placa onde se lê "Amt für Rassenpolitk" ("Escritório de Política Racial") seria falsa, pois nenhum escritório nazista existia sob esse nome, apontou Klingen. Conforme o historiador, apenas alguns objetos historicamente insignificantes podem ser genuínos, incluindo três caixas de ferramentas de uma fábrica de munições Mauser, parte de um lançador de granadas, um relógio de sol com uma suástica, um jornal na era nazista e vários bustos de Hitler.

Museu argentino rebate

O presidente do museu, Marcelo Mindlin, garantiu que "está provado que eles são reais desde a Segunda Guerra mundial" e disse foram consultados 32 especialistas durante o processo. Ele afirmou que os itens poderiam ter sido levados à Argentina por nazistas fugitivos, incluindo Adolf Eichmann e Josef Mengele, após a queda do Terceiro Reich.

"Eles são objetos originais - originais do período - mesmo que tenham sido modificados posteriormente", disse Jonathan Krszenbaum, diretor do museu. "O instrumento de medição do crânio, mesmo que a suástica tenha sido adicionada posteriormente, ainda é do período nazista ou do período pré-nazista e, como tal, tem valor educacional, porque exemplifica a obsessão nazista pela questão da raça".

Os objetos foram encontrados na casa do antiquário de Buenos Aires Carlos Olivares durante uma investigação não relacionada e foram entregues ao museu para proteção. O homem está atualmente aguardando julgamento por supostamente subornar funcionários da alfândega para contrabandear antiguidades para a Argentina da Ásia e da África.


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