Especialistas darão uma "aula" sobre Brasil nesta quinta na Feira do Livro

Especialistas darão uma "aula" sobre Brasil nesta quinta na Feira do Livro

Antropóloga Lilia Schwarcz e historiadora Heloísa Starling palestram às 18h30min

Luiz Gonzaga Lopes

A antropóloga Lilia Schwarcz, representando a USP

publicidade

A antropóloga Lilia Moritz Schwarcz (USP) e a historiadora Heloísa Starling (UFMG) ainda estão surpresas com o sucesso, a vendagem e a repercussão positiva entre o público e a crítica do livro “Brasil: Uma Biografia” (Companhia das Letras, 696p., 2015).

Nesta quinta-feira, às 18h30min, no Auditório Barbosa Lessa, do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1223, 4º andar) a dupla de professoras apresenta a palestra/aula sobre o livro que propõe uma narrativa da história do Brasil e busca observar as rupturas e permanências desses cinco séculos de história, investigando e revisando questões polêmicas como a racial, a corrupção, o império, a independência, as regências, o enriquecimento ilícito, a ditadura, entre outros temas.

“Este livro tem nos dado tantas surpresas positivas. Ele não estava na programação inicial da Flip, em Paraty, e acabou se impondo em uma mesa-bônus, foi um sinal dos tempos, pelo momento que nós vivemos que é de investigação do passado e de respeito à luta por todo e qualquer direito humano”, revela Lilia Schwarz. 

• Almeida Faria fala sobre literatura portuguesa na Feira

Para a antropóloga, a perspectiva do mito e da mentira é a que ainda permeia a história que nos foi contada. O livro de 696 páginas cobre em forma de biografia desde a viagem desde o descobrimento/viagem de Pedro Álvares Cabral, em 1500 até a fase final da redemocratização, na visão das autoras, com a posse de Fernando Henrique Cardoso, em 1995. “A história sempre foi contada do ponto de vista dos ricos, dos senhores das terras, da classe dominante. O patrimonialismo foi uma marca do país no período colonial. Tentamos demolir os mitos, contar a história de participação da população como um todo na luta pela liberdade, pelos direitos, pela igualdade racial”, revela Lilia.

Segundo a autora de obras como “As Barbas do Imperador” e “Dom João Carioca”, o livro todo é marcado pela atualidade dos temas, mesmo que em séculos passados, e serve para desmistificar noções de que no Brasil não houve luta, que somos mais dóceis e pacíficos do que outros povos. “Podemos dizer que a luta pelos direitos foi uma constante na história do Brasil desde 1500. O livro é permeado por mostrar o passado, condicioná-lo pelo presente, mostrar as conexões que existiram e ainda existem”, aponta.

Lilia observa que em guerras como a do Paraguai ou revoluções como a Farroupilha, os grandes proprietários de terras e negócios transformavam os escravos em soldados porque lhes convinha e terminada a guerra, caso vivos, eles voltavam à condição de escravos. “O tema do racismo esteve sempre presente e cada vez mais atual. “A população negra sofre para ter acesso à educação, à saúde, à justiça. Em um julgamento de um réu negro e de um branco, o negro tem 25% mais chances de ser condenado.

O que podemos dizer é que esta aula/palestra mostra que a questão racial, da igualdade, da luta por direitos humanos e de cidadania sempre estiveram presentes e que pretendemos responder às dúvidas e curiosidades dos gaúchos”, finaliza Lilia. A sessão de autógrafos do livro será às 20h desta quinta na Praça de Autógrafos, na Alfândega.

Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895