Espetáculo francês “BiT" estreia no Porto Alegre em Cena neste sábado
Com seis bailarinos, atração internacional faz referência à música eletrônica e ao comportamento humano
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“BiT” é referência à música eletrônica que pauta o espetáculo na montagem que é pulsante, hiperconectada, interpretada por seis bailarinos (Ulises Alvarez, Kais Chouibi, Daphné Koutsafti, Cathy Polo, Ennio Sammarco, Marcelo Sepulveda) que mostram conexões de movimentos em diferentes formas e cenas. Subindo e descendo rampas, eles revelam parte do comportamento humano, o que vai se acentuando ao longo do espetáculo. Dançam sozinhos, juntos, para se divertir e seduzir. “Queremos passar um estado de espírito do tempo em que vivemos. ‘BiT’ está cheio de um odor ambivalente entre a alegria de viver juntos e situações intermediárias entre o paraíso e uma descida ao inferno”, explica Maguy Marin, que estreou o espetáculo no dia 17 de setembro de 2014 no Théâtre Garonne, em Toulouse, sul da França.
Em BiT, os dançarinos interagem mais pelas mãos para ter a atenção do outro. Com trabalhos não convencionais como “Cortex”, “May B” e “Faces” em mais de 40 anos de carreira, Maguy pretende levar o espectador a surpresas e descobertas sobre si mesmo, questões de identidade e humanidade. Sobre o processo de concepção coreográfica, Maguy explica que: “Primeiro, nós procuramos em conjunto os materiais que vão fazer a coreografia, em seguida, em um segundo momento fico apenas escrevendo e tentando ser mais específica na composição”.
Nascida em 2 de julho de 1951 em Toulouse, Maguy Marin estudou no Conservatório de Toulouse e Nina Vyroubova em Paris, e fez sua estreia no Ballet Estrasburgo. Em 1970 ingressou na Escola Mudra recém-criada por Maurice Béjart, em Bruxelas. “Dos mestres, lembro não só de Maurice Béjart, mas daqueles que não tive a oportunidade de conhecer, mas que marcaram a história da arte ou que nos trouxeram obras revolucionárias”, revela a coreógrafa, que já trabalhou com a brasileira Lia Rodrigues, do elenco original de “May B”, baseado em Samuel Beckett, de 1981.
Sobre a tomada de poder pela direita no Brasil, Maguy Marin considera que faz parte de um momento das forças reacionárias e capitalistas para impedir o progresso social em qualquer país. “Não posso me isentar de responsabilidade em relação a eventos catastróficos que desalinham nossas vidas. Muitas vezes me assola um sentimento de impotência e de não estar sendo suficientemente incisiva em relação a isto”, finaliza.