Espetáculo inspirado em Salvador Dalí chega a Porto Alegre
Companhia suíça apresenta "La Veritá" até domingo no Teatro do Sesi
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O destaque e grande leit motiv do espetáculo é a tela “Tristão e Isolda”, de 15mx9m, que ficou desaparecida durante décadas e foi restaurada para atuar como cenário do espetáculo. Pintada em 1944, para ser cenário do balé “Tristan Fou”, no Metropolitan Opera de Nova York, tem uma das figuras com a flor dente-de-leão na cabeça. Um carrinho de mão voa pelo cenário. As figuras são sexualmente ambíguas e com mãos enormes, há muletas vermelhas e uma longa sombra projetada de uma única figura.
Para o criador de “La Verità”, o suíço Daniele Finzi Pasca, o sonho da concepção do espetáculo começou com uma proposta recebida da Fundação Gala-Salvador Dalí que não queria que a obra fosse parar em um museu. “Eles não queriam que ela fosse para um museu, mas que servisse de pano de fundo para o teatro, e assim fizemos com que ela regressasse aos olhos do público por meio do mundo do circo e da acrobacia”, explica Finzi Pasca, responsável pela concepção e direção de “Corteo”, do Cirque Du Soleil, em cartaz em São Paulo. O elenco da montagem do grupo suíço reúne uma trupe com 12 atores de Canadá, Argentina, França, Itália, Austrália, Espanha, Paraguai, Suíça e até a brasileira Beatriz Sayad, ex-integrante dos Doutores da Alegria.
No início do espetáculo, os palhaços tentam realizar um leilão da tela, que é mal-sucedido. “O ponto de contato entre Salvador e eu é o dos sonhos. Influenciado pela psicanálise, Freud e outros, ele trabalhou o sonho de várias formas. Nós concebemos o espetáculo com viagens mais ligeiras, com a parte mais luminosa dos sonhos, quando os dois mundos, o onírico e o real, se encontram”, avalia Finzi Pasca.
Sobre a forma narrativa escolhida, o criador lembra que optou por não contar histórias lineares. “É um espetáculo que quer mexer com a percepção do público, por meio da linguagem da acrobacia, do teatro, do clown, que tenta trabalhar a ilusão como uma possibilidade concreta. Tentamos chegar a uma outra dimensão, superpondo coisas. Neste ponto nos aproximamos muito de conceitos do surrealismo”, finaliza o diretor suíço.