Estilista espanhol Paco Rabanne morre aos 88 anos na França

Estilista espanhol Paco Rabanne morre aos 88 anos na França

Rabanne promoveu o uso do metal na moda e fundou uma conhecida linha de perfumes

AFP

Paco Rabanne

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O estilista espanhol Paco Rabanne, que promoveu o uso do metal na moda e fundou uma das mais famosas linhas de perfumes do mundo, morreu nesta sexta-feira, dia 3, aos 88 anos, informou o grupo matriz de sua marca Puig.

"Paco Rabanne fez da transgressão algo magnético. Quem, senão ele, poderia convencer a mulher parisiense a exigir vestidos feitos de plástico e metal?", explicou o Puig em seu comunicado.

"Seu espírito rebelde, radical, proporcionou um nome à parte. Há apenas um Rabanne. Sua morte nos recorda novamente de sua enorme influência no design contemporâneo, um espírito que vive na marca que leva o seu nome", declarou José Manuel Albesa, presidente da divisão de produtos de beleza e perfumaria da Puig.

O grupo iniciou uma colaboração com o estilista em 1968, com um primeiro perfume, Calandre, que fez grande sucesso. Foi o início de um novo sucesso para Rabanne, que havia provocado grande sensação 20 anos antes com seus vestidos feitos de chapas de metal ou totalmente de plástico. "Sua visão era ousada e provocadora", destaca o comunicado do grupo Puig, que comprou 100% da marca Paco Rabanne em 1986.

Paco Rabanne 

O estilista espanhol Paco Rabanne, apelidado por Coco Chanel de "metalúrgico" da moda, conquistou para si um lugar especial nesse mundo seleto, munido apenas de algumas pinças e placas de metal.

Adepto do esoterismo, Rabanne também se destacou por suas declarações excêntricas.

"Gosto do esoterismo desde a mais tenra infância. Minha mãe era muito pragmática, mas minha avó era xamã, ela me apresentou ao mundo desde muito cedo. A moda me permitia ganhar a vida, mas não era bem o meu centro de interesse ", explicou em entrevista em 2005.

Nasceu como Francisco Rabaneda-Cuervo em 18 de fevereiro de 1934 em San Sebastián. Sua mãe trabalhava como costureira para Cristóbal Balenciaga.

Seu pai, o general Rabaneda-Postigo, estava no comando do quartel militar de Guernica durante a guerra civil espanhola. Ele foi baleado pelas tropas de Franco em 1936. Em 1939, a família buscou refúgio na França.

Rabanne estudou e formou-se em Belas Artes em Paris (seção de arquitetura). Começou desenhando acessórios, joias, gravatas e botões para Dior, Saint-Laurent e Cardin. Pouco depois, decidiu lançar-se no mundo da moda, com a ideia de introduzir novos materiais e técnicas.

Em um desfile sensacional em 1966, apresentou 12 vestidos confeccionados "com materiais contemporâneos". O desfile provocativo apresentou modelos negras na passarela pela primeira vez, dançando de pés descalços. O sucesso foi esmagador. Mas seus primeiros vestidos metálicos pesavam mais de 30 quilos.

A modelo e cantora Françoise Hardy posou naquele mesmo ano para a revista "Elle" com um maiô retangular, feito de plástico branco.

- Falar com Deus -

Invariavelmente vestido com um roupão escuro e calças combinando, tanto no inverno como no verão, Paco Rabanne desconstruiu materiais, como o vison ou o rabo de raposa, que recortou para fazer flores. Ele usava o acetato, "tricotava" o metal para fazer suéteres e vestia suas modelos com cotas de malha.

Em 1968 assinou contrato com a marca espanhola de perfumes Puig e lançou "Calandre". Fez sucesso e essa incursão no mundo dos perfumes não só se manteve, como se tornou sua nova identidade com o tempo.

Em 1986, Puig, que já tinha em seu currículo as marcas Nina Ricci e Carolina Herrera, além dos perfumes Prada e Comme des Garçons, comprou toda a marca Rabanne.

O estilista também trabalhou para o cinema. Foi responsável pelos figurinos de filmes como "Duas Ou Três Coisas Que Sei Dela", de Jean-Luc Godard, e "Barbarella", de Roger Vadim.

Paco Rabanne acreditava na reencarnação e afirmava ter tido outras vidas no passado, incluindo a de uma prostituta que amava o rei Luís XV. Ele também afirmou ter visto Deus e que foi visitado por extraterrestres.

Em 1999, em um de seus livros, ele anunciou a destruição de Paris devido à queda da estação espacial Mir, baseado em uma leitura muito pessoal das profecias de Nostradamus.

Nesse mesmo ano, a marca abandonou a sua atividade de alta-costura para se dedicar ao prêt-à-porter, que confiou a Rosemary Rodriguez.

Pouco a pouco, Paco Rabanne se afastou do design, mas continuou ligado ao mundo da moda, ao fazer parte de júris de festivais, onde gostava de se dirigir às gerações mais novas.

"Sejam ousados como éramos em nosso tempo com Pierre Cardin, Saint Laurent ou Courrèges! Sejam ousados! Busquem sem parar! Para seu fazer nome e se impor, vocês não podem copiar", explicou.


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