Estreia filme sobre Enzo Ferrari
O elenco conta com o ator brasileiro Gabriel Leone como o piloto espanhol Alfonso de Portago
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O filme “Ferrari” é uma das estreias desta quinta-feira nos cinemas. Diferentemente do que o título possa sugerir, este não é um filme sobre a longa saga da marca de carros de Fórmula 1, mas traz um recorte específico da vida do empresário Enzo Ferrari, embora ambas trajetórias se misturem ao longo de algumas décadas. A direção é do estadunidense Michael Mann, que tem uma carreira com elogiados filmes policiais como "Fogo Contra Fogo" (1995), “Colateral” (2004) e “Miami Vice” (2006).
A história do longa-metragem se passa em 1957, um ano decisivo para a empresa. Enzo Ferrari (Adam Driver) foi piloto, mas como proprietário agora está à frente da fábrica. Um executivo da empresa lhe comunica que os negócios estão à beira da falência. “Você gasta mais do que ganha”, lhe resume o contador.
Enzo, chamado de “Commendatore” por onde passava na Itália e bajulado como magnata, sabe das dificuldades da empresa, mas precisa manter a pompa e a aura que a sua marca de automóveis carrega. Além disso, ele é atormentado em sua memória por muitas perdas, como a de colegas pilotos que morreram na pista, a do irmão, que morreu na guerra, e a do filho, Dino, que faleceu ainda criança.
Enquanto muitas cenas de treinos de carros são à luz do dia, as que mostram a esposa de Enzo, Laura (Penélope Cruz), são dentro de casa, sob sombras de janelas fechadas. Esta escolha na direção de arte e fotografia não é à toa. Laura se tornou uma mulher amarga com a perda do filho e as traições do marido. O casamento estava instável, mas Laura era uma sócia da corporação.
Enzo tem de lidar ainda com o relacionamento fora do casamento com Lina Lardi (Shailene Woodley), com quem teve um filho, Piero. Suas crises são, portanto, empresariais e pessoais.
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ATOR BRASILEIRO
Em meio a este cenário, chega um novo piloto na equipe, o espanhol Alfonso de Portago, interpretado pelo ator brasileiro Gabriel Leone. Portago chega à Itália acompanhado da namorada, a atriz Linda Christian (Sara Gadon), que tinha origem mexicana mas fazia sucesso em Hollywood.
A presença de estrelas nas pistas ajudava a criar um frenesi ao redor das corridas. Cabreiro no início, Enzo passou a aproveitar a fama, tirando fotos com o casal Linda e Portago.
Leone encarna Portago com elegância, já que o espanhol era um marquês. Ao deixar um oponente tomar à frente de seu carro em uma curva durante uma corrida, recebe uma reprimenda de Enzo, que lhe diz: ou você é um gentleman ou um piloto. Neste ponto, o empresário se mostra frio, deixando claro que o lhe importava: a vitória.
Um dos pontos fortes do filme é a atuação de Adam Driver, que encarna bem este chefe obstinado. E Penélope Cruz está igualmente ótima. Mas, como biografia, o filme é raso (além dos diálogos em inglês com sotaque italiano serem sofríveis).
MILLE MIGLIA
O ápice do longa ocorre na corrida “Mille Miglia”, por estradas e ruas da Itália. Com a segurança dos carros de hoje, se olha com espanto para a periculosidade a que os pilotos daquela época se submetiam.
