Ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco lança “Lições Amargas: uma História Provisória da Huma

Ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco lança “Lições Amargas: uma História Provisória da Huma

Após um ano perdido, de uma década perdida, economista traz um balanço lúcido e provocador da situação do país

Correio do Povo

Autor pondera sobre temas como taxas de juros, responsabilidade fiscal, mercado de trabalho e comércio internacional, entre outros, para revelar como o adiamento na resolução dos impasses do país é uma das principais causas das mazelas que nos assolam.

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Sob o espectro da pandemia de covid-19, o economista e ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco toma as controvérsias que se impuseram ao longo de 2020 e 2021 como ponto de partida para uma análise eclética e inovadora sobre questões econômicas e políticas do Brasil. Em seu novo livro, “Lições Amargas”, que chega às lojas em maio pela selo História Real da Intrínseca, o autor traça um rico panorama dos problemas que assolam o país há décadas e na atualidade. Repleto de referências históricas, literárias e da Economia, o texto é um convite à reflexão sobre o passado, o presente e o futuro do Brasil.

 Gustavo Franco pondera sobre temas como taxas de juros, responsabilidade fiscal, mercado de trabalho e comércio internacional, entre outros, para revelar como o adiamento na resolução dos impasses do país é uma das principais causas das mazelas que nos assolam. Em tom de alerta, ele afirma: “O Brasil adora um remédio milagroso. Esse tipo de advertência, no passado, poderia servir para moderar nossa propensão ao autoengano, mas depois de tanta procrastinação, de algumas décadas perdidas e da pandemia, é preciso mudar o tom. Muitas portas já se fecharam, perdemos um tempo irrecuperável e talvez não seja mais possível retornar à primeira divisão. Exceto por um truque no ‘tapetão’.”
 
O autor aborda também a questão das reformas, sempre presentes na discussão nacional, reconhecidas como necessárias pela maioria dos protagonistas da vida pública, mas que ficam velhas antes mesmo de serem aprovadas. Com lógica implacável, demonstra como o próprio conceito de reforma foi cooptado pelo estamento político para a construção de um discurso pretensamente modernizador, mas que, na prática, está voltado para o adiamento de qualquer mudança que contrarie interesses mais poderosos.“ Caímos em uma armadilha terrível: não se consegue perceber o efeito das ‘reformas’ dos últimos anos, pois a economia não cresce, já faz tempo, e passamos a culpar as reformas que, na verdade, não fizemos, pois ingerimos o medicamento reformador em dosagens excessivamente diluídas, com vistas a não balançar o barco”, conclui.

Gustavo Franco refuta o negacionismo em todas as suas manifestações. O autor mobiliza sua conhecida independência intelectual, o domínio dos dados e a capacidade analítica para refletir não apenas sobre os problemas do país, mas sobre como a nossa forma de pensar sobre eles vem se transformando, com profundas e imprevistas consequências. Ele afirma que ocorre um “ataque sistemático à expertise ou à ideia do uso de conhecimento especializado para lidar com temas complexos. Essa morte da expertise é uma das consequências mais devastadoras do politicamente correto, originado pela esquerda, e pelos populismos de direita, ambos atacando o conhecimento especializado e a complexidade em muitos assuntos de políticas públicas”.
 
O livro traz ideias originais, mercadoria escassa no cenário atual dominado pelo debate raso, dissociado dos fatos, prisioneiro dos dogmas. É menos um livro sobre nossas dificuldades, e mais sobre a incapacidade secular de enfrentá-las. Com fina ironia e genuína erudição, Gustavo Franco tira lições amargas dos anos de estagnação e da nossa inelutável tendência aos remédios milagrosos, para traçar os caminhos acidentados, porém ainda possíveis, de um reencontro com a nação que desejamos ser.

Gustavo Franco
É um dos economistas mais renomados de sua geração. Teve um papel fundamental na equipe que formulou o Plano Real e foi o mais jovem presidente do Banco Central no período democrático. Formado bacharel e mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, completou o doutorado pela Universidade de Harvard. Começou sua carreira no serviço público em 1993 como Secretário de Política Econômica na gestão de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. Em seguida, foi Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.  Em 1998, durante sua gestão na presidência do Banco Central, foi registrado o índice mais baixo de inflação na história daquela instituição. Gustavo teve papel vital nas negociações internacionais do chamado Plano Brady, na formulação do Proer e do roes, planos de reestruturação do sistema bancário, e na implementação de inúmeras inovações na regulação e governança do sistema financeiro brasileiro. Na iniciativa privada, fundou a Rio Bravo Investimentos, que tem atuação destacada no segmento de investimentos estruturados. Participa do Conselho de Administração de diversas empresas de capital aberto, é colunista regular dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo e leciona economia na PUCRJ desde 1986. Este é seu 15º livro, em títulos não apenas de economia e finanças, como também sobre Machado de Assis, Shakespeare, Fernando Pessoa e Goethe.

 


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