Exposição gratuita no Margs homenageia os 100 anos da arte contemporânea

Exposição gratuita no Margs homenageia os 100 anos da arte contemporânea

Mostra "A Fonte de Duchamp" tem visitação até o dia 23 de abril

Correio do Povo

Os 100 anos de arte contemporânea em mostra no Margs, com ‘A Fonte de Duchamp’

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O Museu de Arte do Rio Grande do Sul abre nesta terça-feira, às 19h, a exposição “A Fonte de Duchamp: 100 Anos da Arte Contemporânea”, com curadoria de José Francisco Alves. A mostra tem o objetivo de marcar os 100 anos da icônica obra de Marcel Duchamp (1887-1968), considerada uma das mais importantes do século XX. A visitação pode ser feita até o dia 23 de abril, com entrada gratuita

A Fonte foi um passo marcante nas experiências de Duchamp, no que ele chamou de "readymade"(algo como “objeto-pronto”), trabalhos feitos com peças industrializadas, simplesmente escolhidas pelo artista e extraídos do contexto funcional original. A provocação de Duchamp, a par de todas as teses, histórias e especulações, com o tempo reverberou e foi adquirindo maior importância. Em especial a partir da década de 1950, com a Pop Arte, e, definitivamente, nos anos 60 e 70, do Minimalismo à Arte Conceitual, formando assim a base dos problemas do que hoje entendemos como “Arte Contemporânea”.

Em 1915, o artista radicou-se nos Estados Unidos, inserindo-se num centro mundial importante e longe dos horrores da I Guerra Mundial. Em 1917, este enxadrista aficionado pelas jogadas arriscadas resolveu provocar ainda mais. Ele enviou Fonte, aquele que era o seu mais recente readymade, para ser exibido na Primeira Exposição Anual da Sociedade de Artistas Independentes, sediada em Nova Iorque. Duchamp era também um membro-fundador desta entidade, cujo objetivo era organizar mostras para divulgar trabalhos dos associados.

Fonte era nada menos do que um simples mictório industrial de porcelana, comprado dias antes, em conluio com outros dois colegas da sociedade, na loja J. L. Mott Iron Works, localizada na Quinta Avenida. Sob o pseudônimo de “Richard Mutt”, Duchamp pegou o urinol e transformou-o em obra de arte apenas com dois procedimentos: girou a peça em ângulo de 45 graus da posição original (ficando a parte da parede do mictório repousada sobre uma base) e simplesmente a assinou – “R. Mutt, 1917”. Mas a obra foi recusada pelos organizadores da exposição, inaugurada em 10 de abril de 1917. Porém, a consequência de sua provocação polêmica, o desafio ao mundo da arte, foi o que alçou este trabalho à canonização artística.

Ainda sem saber-se de público que R. Mutt era, em verdade, um dos conselheiros da entidade, nas discussões da Sociedade de Aristas Independentes Duchamp não aceitou a recusa da inscrição de Fonte. Nesse sentido, o Margs homenageia o artista com uma seleção de peças em arte contemporânea. São cerca de 108 obras de 51 artistas do acervo, com trabalhos relacionados a características duchampianas, tais como o caráter objetual, a apropriação de materiais e coisas preexistentes, a elaboração mental e não manual dos objetos, o humor, o jogo, a provocação.

Há que se ponderar que Fonte e os demais readymades tinham como objetivo sacudir o meio das vanguardas, naquele contexto das primeiras décadas do Séc. XX. Propunha uma ideia ainda mais desafiadora do que apresentavam as experiências mais radicais, há 100 anos atrás (Cubismo, Futurismo, Suprematismo, Dada, etc.). Em especial, queria colocar em xeque a condição da criação artística e o sistema de arte: afinal de contas, quem decide o que é arte? Quais os limites da arte? Hoje existem nada menos do que 16 Fontes refeitas (alguns chamam de réplicas) com a autorização do artista, nos anos 50 e 60, em museus e coleções das mais importantes pelo mundo. 

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