Exposição sobre o movimento modernista no Museu Nacional da República reúne obras de nove gaúchos
Nomes como Iberê Camargo, Maria Tomaselli, Ado Malagoli e Xico Stockinger estarão disponíveis na mostra em Brasília, até o dia 7 de agosto
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No ano em que se celebram os 100 anos da Semana de Arte Moderna, a mostra apresenta os desdobramentos do Modernismo em cinco estados brasileiros entre as décadas de 1930 e 1950, que culminaram com a criação de Brasília. A produção do Rio Grande do Sul é representada por Xico Stockinger, Ado Malagoli, Ailema Bianchetti, Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues, Glenio Bianchetti, Maria Tomaselli e Iberê Camargo
Até o dia 7 de agosto, o Museu Nacional da República, em Brasília, apresenta uma exposição que traça um panorama de como o movimento modernista se articulou, expandiu e consolidou em cinco estados: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul, entre 1930 e o final da década de 1950, culminando com a construção capital federal. Com a curadoria de Denise Mattar, “Modernismo expandido” apresenta 68 obras que ilustram a efervescência do período e dos desdobramentos do movimento Modernista distante de seu marco histórico e geográfico: a Semana de Arte Moderna de 1922, que este ano completa 100 anos. “A seleção de obras busca evidenciar a qualidade da arte brasileira realizada fora do eixo hegemônico Rio-São Paulo, chamando a atenção para os processos excludentes decorrentes da centralização cultural”, destaca Denise.
No Rio Grande do Sul, o Modernismo começa a se articular no início dos anos 1950, com a reestruturação do ensino de pintura na Escola de Belas Artes da criação do MARGS, por Aldo Malagoli. Paralelamente surge o Clube dos Amigos da Gravura de Porto Alegre (CGPA), criado por Carlos Scliar na década de 1950 reunindo artistas de esquerda, filiados ou simpatizantes do Partido Comunista do Brasil (PCB). O grupo se engajou em um projeto de democratização da arte e de conscientização política, propondo uma arte nacional, realista, voltada à classe trabalhadora e às tradições culturais locais. O grupo gaúcho seria a inspiração para o Ateliê Coletivo do Recife. Iberê Camargo, outro nome fundamental da arte gaúcha, estudou no Rio de Janeiro com Guignard, voltando em 1960 para a capital gaúcha para ministrar um curso que deu origem ao Atelier Livre da Prefeitura. Na mesma década teve como aluna a artista Maria Tomaselli. Do Estado gaúcho, a exposição tem obras de Ado Malagoli, Ailema Bianchetti, Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues, Glenio Bianchetti, Xico Stockinger, Iberê e Tomaselli.
A mostra “Modernismo expandido” faz uma reparação histórica, resgatando parte da arte brasileira cuja importância tem sido obscurecida pela historiografia oficial. A obra “Oca Maloca”, realizada pela artista Maria Tomaselli, encerra o percurso da mostra. A instalação interativa abriga em seu interior “segredos” criados por mais de 40 artistas. Ela reúne a ancestralidade da Oca indígena e da Maloca urbana, feita de fragmentos de madeira coloridas. É uma síntese do país e de nossas raízes culturais.