Favela é vista sobre sua própria perspectiva na peça "Eles Não Usam Tênis Naique”
Espetáculo faz sessão única nesta terça, pelo 13º Palco Giratório Sesc
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O pai atuava como traficante nos anos 1980, quando o comércio ilegal de drogas ainda mantinha um vínculo moral com a comunidade. E a jovem é traficante hoje, em uma favela do Rio de janeiro. O reencontro destes personagens e o consequente embate ideológico é o mote do texto de Marcia Zanelatto, que sofreu intervenção dos atores, apropriando-o às suas perspectivas autobiográficas. “A história não é contada por uma ótica fictícia, mas da memória dos atores, que ficam desvelados e se colocam como indivíduo”, afirma a diretora.
Drogas, violência, diferença de classes, racismo e maioridade penal são alguns temas. O tráfico foi focado de uma forma incomum, com a alternância dos atores - todos da mesma idade - sem um viés realista, oferecendo diferentes ângulos. O trabalho estreou no final de 2016, em dois teatros da Zona Sul fluminense; circulou por festivais nacionais, como o de Curitiba e no exterior, como o Mexe (Porto), em Portugal, onde também foi para Lisboa.
Participando do festival Palco Giratório Sesc, com a recente contemplação no edital Sesi, em breve percorrerá o interior do Rio. Após 5 anos de oficinas na Maré, o grupo foi criado em 2005, mantendo-se graças a editais públicos. Seu objetivo é refletir sobre a cidade, a vida e o mundo a partir de seu território, o complexo de favelas da Maré e combater a visão estereotipada da periferia.