Fazer cultura para poder pertencer

Fazer cultura para poder pertencer

Diretores do Pertence explicam como a arte pode ser uma forte ferramenta de sociabilização

Camila Souza*

Clube Social Pertence, cujo braço cultural é o Fábrica de Sonhos, promove sociabilização por atividades culturais

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As artes, a música, a literatura eacultura como um todo têm o poder de transformar vidas. E na história do Clube Social Pertence, ela cumpre um papel fundamental como instrumento de expressão e de sociabilização. Pela passagem do Dia Nacional do Teatro Acessível, lembrado em 19 de setembro, a história do Pertence remonta há mais de 20 anos. Na época em que Sara Zinger, fundadora do Clube, era educadora de jovens com deficiência. Quando perguntava aos alunos o que fizeram no final de semana, ela observava que as respostas eram limitadas ao convívio familiar. Percebendo que seus alunos não tinham grupos de amigos, Sara decidiu levá-los para alguns passeios. Essa simples ideia fez surgir o Pertence, que há dez anos atua para proporcionar sociabilização de pessoas com deficiência.

“Não me lembro do Pertence sem a cultura, porque desde o início os primeiros passeios eram para teatros e shows”, comenta Victor Freiberg, diretor do Clube. Indo além das saídas de lazer, as atividades culturais, entre elas oficinas de música e teatro, começaram a fazer parte do grupo ao lado de outros pilares, como o esporte eagastronomia. Dentro desse braço cultural, surgiu o grupo Fábrica de Sonhos. A partir do desejo dos jovens de mostrar suas potencialidades, os diretores criaram um espetáculo para proporcionar a experiência de estar no palco. Em 2018, 77 jovens com deficiência protagonizaram o espetáculo “Todo Mundo Tem um Sonho” no Teatro Dante Barone. A segunda apresentação, em 2019, contou com 100 participantes no Theatro São Pedro, pelo Porto Alegre em Cena. “As pessoas com deficiência existem e elas querem circular por casas de shows, espetáculos e cinemas. Todos esses lugares pertencem a eles também”, destaca Paula Carvalho, atriz, diretora teatral e coordenadora do Pertence Cultural. O espetáculo foi um marco e trouxe ainda mais visibilidade para as pessoas com deficiência. Foi a partir dele que a Capital passou a celebrar o Dia do Teatro Acessível em 19 de setembro, se tornando a segunda cidade do País a implementar a data no calendário.

Mais de 500 pessoas com deficiência fazem parte do Clube, que também oferece atividades on-line e integra diversas regiões do país. Coordenado por Paula e pela coreógrafa Bianca Bueno, o Grupo Fábrica de Sonhos se encontra semanalmente. Durante as atividades, são feitos exercícios de expressividade corporal e vocal e improvisação. E para participar, basta o jovem querer. A diretora explica que além de impulsionar o desenvolvimento técnico e artístico, as atividades culturais cumprem uma função social. “Passa pelas diversas etapas de desenvolvimento físico, humano, expressivo e também cidadão, porque eles entendem como podem se colocar diante de um grupo e como podem se expressar pela voz”, diz. Para Victor, a cultura é responsável por grandes transformações que o Pertence proporciona para os jovens. No mês passado, o espetáculo “Todo mundo tem um sonho” ganhou um documentário com imagens exclusivas das apresentações e bastidores, disponível no YouTube. Para a coordenadora Paula, o vídeo vai contribuir para tornar conhecida a história do grupo e, assim, despertar o olhar das pessoas para a diversidade.

Assista ao documentário

*Sob supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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