A volta de Faraco com seus casos

A volta de Faraco com seus casos

O escritor alegretense autografa hoje na Feira o livro ‘As Noivas Fantasmas & Outros Casos’

Sergio Faraco lança livro com 46 crônicas inéditas nesta sexta-feira

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Considerado pela crítica e pelos leitores o maior contista vivo do Rio Grande do Sul e quiçá do país, Sergio Faraco está de volta com material inédito, após um hiato de mais de uma década sem publicação de narrativas curtas. Volta com “As Noivas Fantasmas & Outros Casos”, que está sendo lançado pela L&PM, com sessão de autógrafos nesta sexta-feira, às 17h30min, na Praça de Autógrafos da Feira. Nestas 46 crônicas inéditas, Faraco nos oferece um vislumbre de sua vida, sua percepção de mundo, seus temas preferidos e também suas obsessões. Da vez em que assistiu Marlene Dietrich cantar ao vivo em Moscou à história da invenção do futebol, passando por cenas do convívio com escritores e intelectuais como Mario Quintana e Erico Verissimo, somos brindados com textos que oscilam entre o pessoal e o universal, entre o corriqueiro e o grandioso da existência humana. Um dos textos foi publicado primeiramente no Caderno de Sábado, coordenado por Juremir Machado da Silva e editado por Luiz Gonzaga Lopes, como é o caso de “Os Romanov: a Limpeza da Chaminé”, que trata de um dos crimes mais selvagens da história moderna cometido na Casa Ipatiév, em Ecaterimburgo, na Rússia, na noite de 16 para 17 de julho em 1918, quando foram executados o czar abdicado Nicolau II, a esposa, as quatro filhas, o filho adolescente, o médico da família, a aia da czarina, o cozinheiro e um criado. 
Outros casos tem as obsessões pela verdade e contra os lapsos que caracterizam os textos não ficcionais de Faraco. É o caso de “Titanic: a História Incompleta”. Neste texto, o escritor alegretense de 81 anos questiona as imprecisões do livro “Le Drame du Titanic”, de Philippe Masson, que na tradução brasileira recebe o pretensioso título de “Titanic: a História Incompleta”. “Completa? E exata, ao menos?”, questiona o cronista desmontando a tal completude aspirada pela obra do autor francês. “Ao comentar a indicação do Capitão Edward Smith para o comando do Titanic, Masson o reputa o mais experiente oficial em águas do Oceano Atlântico, com apenas um acidente em carreira. Aqui o lapso é maior. O cartel de desastres em embarcações capitaneadas pelo renomado homem do mar é assustador...”, escreve Faraco elencando pelo menos nove acidentes na carreira de Smith, incluindo um quase abalroamento com o rebocador New York, logo no início da viagem com o Titanic, em 1912. 
Sergio Faraco nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940. Entre 1963 e 1965, viveu na União Soviética, tendo cursado o Instituto Internacional de Ciências Sociais, em Moscou. Mais tarde, no Brasil, bacharelou-se em Direito. Em 1988, “A dama do Bar Nevada” obteve o Prêmio Galeão Coutinho, conferido pela União Brasileira de Escritores. Em 2003, recebeu o Prêmio Erico Veríssimo, outorgado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, e o Livro do Ano (Não-Ficção) da Associação Gaúcha de Escritores, por “Lágrimas na Chuva”, entre outros tantos prêmios em sua carreira. 


Correio do Povo
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