Com as pequenas chances de Natalia Timerman na Feira do Livro

Com as pequenas chances de Natalia Timerman na Feira do Livro

Escritora e médica psiquiatra paulistana participa da 69ª edição da Feira neste sábado à tarde

Luiz Gonzaga Lopes

Natalia Timerman lançou "As Pequenas Chances" em 2023

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A escritora e médica psiquiatra paulistana Natalia Timerman é a atração da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre neste sábado. A autora de "As Pequenas Chances" (Todavia Livros) participa de mesa sobre luto e perdas às 16h no Auditório Barbosa Lessa do Espaço Força e Luz (rua dos Andradas, 1223, 4º andar) em um bate-papo com a escritora e cronista gaúcha Cláudia Tajes. Às 18h, Natalia autografa o novo livro na Praça de Autógrafos. O livro lançado este ano é considerado um romance autobiográfico com recheio ficcional. Enquanto aguarda um voo, Natalia (a personagem) encontra o médico de cuidados paliativos que atendeu seu pai Artur. A conversa desperta nela a experiência da perda, ainda próxima e repleta de cicatrizes. E é a memória dos meses e dias finais do pai da narradora que compõe a base deste romance, uma indagação sobre família, lembrança, judaísmo, vida e morte. Artur era médico, então a notícia de que o câncer havia retornado vem seguida da certeza da finitude ― não há meias-palavras ou possibilidade de esperança. Assim, a morte vira um assunto de família, e acompanhamos não apenas o declínio físico de Artur, mas seus efeitos na vida dos filhos, da esposa e dos netos, narrados com rara delicadeza. Conforme a doença avança, cada momento ganha contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro. Se o fim é inevitável, à narradora cabe reconstruir o caminho dramático, terno e lírico.  

Escritora, médica psiquiatra pela Unifesp, mestre em psicologia e doutoranda em literatura pela USP, Natalia Timerman nasceu em 1981 na capital paulista, onde reside. Publicou em 2017 seu primeiro livro, "Desterros: histórias de um hospital-prisão" (Elefante), em que analisa sua experiência de trabalho no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário A autora chama a atenção para a maneira estereotipada com que detentos e funcionários se comunicam uns com os outros. Registra o uso de desenhos e da decoração das celas como forma de os detentos tentarem criar individualidade e noção de pertencimento. Descreve, ainda, como as mães que acabaram de ter filhos vivem e sofrem a maternidade no cárcere.

Dois anos depois, fez sua estreia na ficção literária pela Editora Quelônio com a coletânea de contos "Rachaduras". A obra, finalista do prêmio Jabuti 2020, é dividida em três partes, reunindo 22 pequenas narrativas que obordam os dilemas do desejo em uma sociedade marcada por insatisfações, medos inconscientes, impasses sociais e pelos acasos cotidianos. A autora apresenta uma escrita segura, marcada pela limpidez, e ao mesmo tempo experimental, que tange o poético.

No início de 2021, publicou pela Todavia Livros o seu primeiro romance, "Copo vazio". Na obra, Natalia se debruça sobre a história de Mirela, uma mulher esclarecida e bem-sucedida, que acaba submergida em afetos perturbadores quando se apaixona por Pedro, experimentando aquilo que Clarice Lispector chamou de “felicidade insuportável”.


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