Lázaro Ramos fala sobre seu novo livro na Feira do Livro de Porto Alegre
O ator, diretor e escritor autografou "Medida Provisória: Diário do Diretor" na Praça da Alfândega
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Antes de conversar com os fãs e autografar na Feira do Livro de Porto Alegre, o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos falou com os jornalistas. A sessão de autógrafos do livro "Medida Provisória: Diário do Diretor" é neste domingo, a partir das 17h.
Lázaro anuncia que lançará na próxima semana seu primeiro livro para adolescentes: “Você não é invisível”. A trama é sobre Carlos e Vitória, irmãos que mesmo vivendo num mundo repleto de maneiras de se comunicar se sentem sozinhos e invisíveis. Para o público infantil, Lázaro já conta com várias obras, como “Caderno de rimas do João” e “O pulo do coelho”.
Foto: Mauro Schaefer
O livro “Medida Provisória” traz bastidores do filme?
Este livro é um quase "não-livro". Quando comecei a filmar “Medida Provisório”, eu me gravava todos os dias. Eram gravações particulares para daqui a alguns anos eu entender quais foram as minhas decisões para dirigir meu primeiro filme. Quando eu transcrevi as gravações, percebi que era um livro e que era um material importante a ser compartilhado. Nele, mais do que regras de direção, tem o compartilhamento das decisões artísticas, de produção, como resolvi problemas que apareceram, sempre em um tom de conversa. Eu aprendi escreve lá atrás, com o livro “A minha pele” (2017), um livro que é um “livro-conversa” para o leitor se sentir parte do assunto. Algo que continuo fazendo.
Qual a sua relação com os teus leitores?
Para mim ainda é um lugar de muita surpresa. Quando eu comecei a escrever era somente por uma necessidade de comunicação e não pretendia ter carreira de escritor. Mas eu comecei a escrever para crianças e foi um lugar que me senti muito confortável e foi uma maneira de dar vazão a tudo de lúdico que acontece na minha cabeça. Então é uma relação que ainda me surpreende. Quando eu chego numa Feira como esta, eu fico ansioso e o coração dispara. Eu não sei como vai ser a recepção do leitor à escrita. Então, é um momento de muita alegria e de ansiedade.
“Medida Provisória” tem a preocupação com o futuro?
O filme “MP” é entretenimento, com comédia, aventura e drama. Ao longo de oito anos, a gente escreveu este filme e queríamos passar mensagens com estímulos diferentes do que as pessoas já viram no debate e na luta antirracista.
Como é ser ator, diretor, escritor?
Meu lazer é meu trabalho. Na verdade, agora o lazer ficou mais variado. A escrita, por exemplo, é muito o lugar da literatura. Eu não me obrigo a escrever nada. Escrevo quando tenho um assunto e inspiração. Talvez seja o lugar de maior liberdade que eu tenha hoje em dia. O meu livro adolescente “Você não é invisível” foi escrito durante a pandemia. Comecei a escrevê-lo no dia 19 de março de 2021. Era somente para me sentir acompanhado na ausência das pessoas que conviviam comigo. E eu acabei ao longo de dois anos me refugiando na escrita. E continua sendo assim. Talvez seja minha maneira de contribuir para o mundo falando de valores que eu acredito. Falando de educação, da cultura, da autoestima, de identidade. É a contribuição mais pessoal dentro do meu trabalho, no qual consigo colocar mais a minha voz e o que aprendi na casa da minha tia-avó que me criou.
O livro “Você não é invisível”, qual o tema central?
Ética, principalmente. Mas sobre diversos assuntos, como construção de identidade e autoestima. Conta a história de dois irmãos que estão convivendo numa mesma casa durante a pandemia, mas cada um se isola. Ela busca escrever em um diário antigo da mãe e ele cria um perfil falso na internet. O livro é uma colcha de retalhos de estilos literários. Aprendi que brincar com a linguagem faz com que alcance outros lugares da sensibilidade que as vezes um só gênero não atinge.