Natalia Timerman aborda a inevitabilidade da morte e o luto na Feira do Livro

Natalia Timerman aborda a inevitabilidade da morte e o luto na Feira do Livro

Autora paulistana de “As Pequenas Chances” falou ao público durante 1h15min na tarde de sábado

Luiz Gonzaga Lopes

Natalia Timerman escreveu um romance sobre a morte do pai e agora começa a escrever livro sobre a mãe que está com mal de Alzheimer

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Um dos destaques da programação geral adulta da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre foi o papo com a autora paulistana Natalia Timerman de “Copo Vazio” e “Rachaduras”, no Auditório Barbosa Lessa do Espaço Força e Luz. Com mediação da cronista e escritora gaúcha Claudia Tajes, Natalia falou sobre o seu novo romance, “As Pequenas Chances” (Editora Todavia, 2023), em que discorre, sobre a morte do pai Artur, o luto, o judaísmo, lembranças da família e questões com viagens em busca da identidade, empoderamento feminino e o parto normal.  “Eu escrevo para escrever. Diante da morte, não há nada a se fazer. Nos deparamos com a nossa impotência, por isso escrevemos. Sem querer, é um jeito de continuar”, disse no início da conversa, Natalia Timerman.

Sobre os traços autobiográficos do livro, Natalia ressaltou que nem tudo no livro é sobre ela e que isto aconteceu também sobre “Copo Vazio”, que tratava de Mirela, uma mulher que vê o cara que ela ama, Pedro, desaparecer, no processo que é mais conhecido como “ghosting”. “Havia muitas pessoas que chamavam de Mirela nos eventos”, disse sobre o livro que já vendeu mais de 30 mil cópias no país.

“Eu escrevo literatura porque eu escrevo sobre o que eu não sei. O texto é uma combinação do que a gente controla com o que não controla. É o que me cabe fazer, eu sou uma pessoa que escreve. Uma parte de mim está sempre escrevendo”, comentou ao tratar do texto de “As Pequenas Chances”, que começou a ser escrito em maio de 2019 durante uma residência literária, dois meses depois da morte do pai, Artur, por uma doença terminal, em março de 2019. “A morte nos dá uma noção da insuficiência, da precariedade das coisas e do viver, do humano. A culpa, tão associada ao judaísmo, é uma forma de lidar com isto. A minha foi escrever”, revelou.

Ao final da conversa, ele disse que já está trabalhando em um novo livro que é sobre a mãe, que está com mal de Alzheimer, e que aparece apenas apenas três vezes no livro atual (segundo cômputo e relato de um mediador anterior em outro evento literário), pois Artur estava casado com Martha. “Estar aqui em Porto Alegre já vai integrar este novo livro, pois aqui revi dois amigos de minha mãe, os Levitan, Cláudio e Lisete, também judeus ou judeuses como fala um dos meus filhos, cujos ancestrais vieram juntos de navio para o Brasil no século passado”, finalizou Natalia.

* A cobertura do Correio do Povo na Feira do Livro de Porto Alegre 2023 é um oferecimento de Banrisul.

 


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