Segundo dia marcado por conversa com patrono e protagonismo feminino

Segundo dia marcado por conversa com patrono e protagonismo feminino

Neste sábado, a 68ª Feira do Livro teve uma conversa afetiva entre Carlos Nejar e Carpinejar e papo sobre processo de escrita de autoras mulheres

Arte & Agenda

Carlos Nejar e Fabrício Carpinejar em conversa afetiva com demais patronos neste sábado na Feira

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Tradicional feira literária e uma das maiores a céu aberto da América Latina, a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre movimentou, neste sábado (29), centenas de pessoas na Praça da Alfândega. Nesta edição, o tema traz uma alusão especial aos 250 anos da Capital, tendo como patrono o poeta Carlos Nejar. No segundo dia da atração, Nejar, ao lado do filho, Fabrício Carpinejar, e patronos de feiras anteriores, realizaram uma conversa afetiva para rememorar a trajetória do atual patrono como poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário.

Carlos Nejar destacou a perenidade da literatura, mas afirmou que quem a projeta é efêmero: "Se o que nós criássemos fosse menor do que nós, seria algo muito pequeno. A palavra é maior que nós, porque ela não termina. Nós terminamos", disse. Nejar ainda traçou um panorama da poesia brasileira e salientou o legado que os livros deixam não apenas para a sociedade, como para a história e o imaginário popular. “As palavras são muito fugitivas. "Nós, com as palavras, criamos uma memória. E com a memória criamos a imaginação da espécie", concluiu. 

O sábado de Feira também teve um bate-papo com as autoras Julia Dantas, Clara Corleone, Letícia Wierzchowski, Taiane Santi Martins e Nathallia Protazio. Em pauta o processo de escrita das autoras e o protagonismo feminino. Letícia Wierzchowski, autora do romance A Casa das Sete Mulheres, ressaltou que é um compromisso do autor escrever para fazer o leitor sentir. Letícia ainda comentou o pertencimento feminino no universo literário. “Você tem o direito de contar uma história. O direito de pertencimento narrativo. O que é a literatura se não o plasmar a vida?”, questionou. Todas aproveitaram a oportunidade para trazer à roda de conversa suas experiências no universo literário e seus processos individuais de escrita.

O dia também foi marcado por trazer a cultura japonesa, com o haikai, e a poesia no Brasil à praça. O Simpósio “O caminho para o Haikai”, uma correalização do Escritório Consular do Japão em Porto Alegre e da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, trouxe apresentações com os objetivos de aprofundar a compreensão da poesia japonesa e do haikai e de promover o intercâmbio cultural entre Japão e Brasil por meio da arte japonesa. Participaram o moderador Andrei Cunha, tradutor literário de japonês e professor de Língua e Literatura Japonesa na Ufrgs, Alice Ruiz, poeta e letrista, o editor Roberto Schmitt-Prym e o professor de literatura, poeta e músico, Ricardo Silvestrin.

No final do dia de feira, dezenas de leitores acompanharam, no Teatro Carlos Urbim, a apresentação da Banda Municipal de Porto Alegre, que marcou o encerramento da agenda de sábado na Praça. A Banda Municipal, que tem 97 anos de história, conta com 34 músicos. A regência foi do maestro André Munari. 

 DOMINGO NA FEIRA

Realizada pela Câmara Rio-Grandense do Livro, o evento trará, no domingo, um bate-papo com escritores do Coletivo de Escritores Negros de Porto Alegre, além de conferência sobre a escrita como meio de transformação social. Confira abaixo a programação completa do domingo: 

- 15h, no Auditório Barbosa Lessa no Espaço Força e Luz: Amar e ser livre é possível, com Marcos Lacerda

- 16h30min, na Sala O Retrato no Espaço Força e Luz: Meu Corpo negro do Coletivo de Escritores Negros/POA, com Nathallia Protazio, Gilberto Soares, Ângela Xavier, Elza Duarte, Zeca Amaral, Isabete Fagundes, Marieta da Silveira, Waldemar Pernambuco, Simone Mello, Tonio Caetano, Tiago Maria,Taiasmin Ohnmacht, Adry Silva, Gustavo Rodrigues, Delma Gonçalves e Adão Jorge dos Santos.

- 17h30min, no Auditório Barbosa Lessa no Espaço Força e Luz: A escrita como veículo de transformação social, com Cida Bento, Adriana Santos e mediação de Bruna Fernandes Marcondes.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895