Sidarta Ribeiro traz o otimismo em meio à catástrofe na Feira do Livro

Sidarta Ribeiro traz o otimismo em meio à catástrofe na Feira do Livro

O neurocientista e biólogo falou para o público gaúcho nesta segunda-feira no Auditório Barbosa Lessa

Veridiana Dalla Vecchia

Em Porto Alegre, Sidarta falou sobre a ética da competição em tempos de capitalismo, que nos faz correr muito e dormir cada vez menos

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Estamos em época de competição, acumulação e ameaça. Mas o ser humano tem “a incrível capacidade de transformar a realidade em muito pouco tempo”. Uma mensagem de otimismo em meio à catástrofe é o que o pesquisador Sidarta Ribeiro trouxe durante sua fala na 69ªFeira do Livro de Porto Alegre, nesta segunda-feira (30), no Auditório Barbosa Lessa, do Espaço Força e Luz. Professor titular de neurociência, fundador e vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Sidarta é reconhecido por suas pesquisas sobre sono e sonho. Ele é autor do best-seller “O oráculo da noite” e do mais recente “Sonho manifesto”, ambos editados pela Companhia das Letras. O bate-papo na Feira foi mediado pela pedagoga e conselheira tutelar de Porto Alegre Vitória Sant'Anna.
 

Em Porto Alegre, Sidarta falou sobre a ética da competição em tempos de capitalismo, que nos faz correr muito e dormir cada vez menos. Para ele, grande parte dessa nossa incapacidade de pensar melhores futuros vem do abandono de práticas muito antigas, ancestrais, ligadas ao autocuidado e ao cuidado com outras pessoas. Entre elas estão dormir bem, sonhar e compartilhar os sonhos (esses de quando se dorme mesmo, não as aspirações da vigília). Conseguir reconhecer boas práticas em relação às nossas ancestralidades pode nos ajudar a criar futuros melhores para sair do que parece ser o beco sem saída das mudanças climáticas, das guerras constantes e do avanço da inteligência artificial.

 

O neurocientista, aliás, se mostra bastante cauteloso em relação às inteligências artificiais. Ele defende que uma regulação é necessária e urgente para que essas novas tecnologias não tirem centenas de milhares de empregos sem nenhum tipo de proteção às pessoas. Sidarta é um defensor da renda mínima universal e acredita que apenas garantindo essa segurança é que a humanidade pode ter um futuro de colaboração e não de competição.

 

Sidarta fala com paixão e serenidade e aponta alguns pontos que acredita serem fundamentais para sonharmos um futuro para a humanidade: reconhecer os problemas e desafios de nosso tempo, como as mudanças climáticas; investir em educação de forma ampla, e não apenas a educação formal; e aprender com os povos ancestrais, suas práticas de convivência e respeito à natureza.


Correio do Povo
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