Festival de Berlim vai colocar seus holofotes sobre a má conduta sexual na indústria

Festival de Berlim vai colocar seus holofotes sobre a má conduta sexual na indústria

Diretor anunciou mesas sobre o tema durante o evento, que ocorre entre 15 e 25 de fevereiro

Correio do Povo

Dieter Kosslick também revelou que vetou a participação de cinco filmes da programação por terem artista acusados de assédio

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O Festival de Cinema de Berlim, a primeira grande mostra da Europa na sequência dos escândalos sexuais que atingiram os Estados Unidos, colocará seus holofotes sobre a má conduta sexual na indústria, disse o diretor do evento nesta terça-feira. Dieter Kosslick, afirmou em uma coletiva de imprensa que as exibições e convidados globais da 68ª edição, que ocorre estre os dias 15 e 25 de fevereiro, abrirão um longo debate sobre discriminações e abusos. "A Berlinale se vê como um fórum onde os problemas podem ser exibidos e ele irá hospedar uma série de eventos que devem contribuir para mudanças concretas. A ressonância internacional do movimento #MeToo rapidamente deixou claro que o problema não se limita a Hollywood", analisou ao anunciar os cerca de 400 filmes que vão compor a programação.

Para tal, ele afirmou que as iniciativas incluirão fóruns sobre a luta contra a má conduta sexual na indústria do entretenimento, gerando financiamento para mais filmes femininos e recebendo mais mulheres nas áreas técnicas do cinema. Kosslick garantiu que desclassificou "cinco produções" porque um diretor, roteirista ou estrela do projeto enfrentavam acusações credíveis de assédio, mas não falou quais eram as obras. Ele ainda comentou que quatro dos 19 filmes que competirão pelo Urso de Ouro, o prêmio máximo, são dirigidos por mulheres, um número que considerou "não muito bom", mas que representa "uma porta de entrada para um futuro mais igualitário". Ao lado dos festivais de Cannes e Veneza, Berlim está entre os principais da Europa e geralmente é considerado o mais político.

Tom Tykwer, um dos cineastas alemães responsáveis pela minissérie "Babylon Berlin", vai presidir um júri de "gênero equilibrado", conforme o próprio diretor da Berlinale. A atriz belga Cecile de France, a produtora de "Moonlight" Adele Romanski, a crítica da revista Time Stephanie Zacharek, o compositor japonês Ryuichi Sakamoto e o historiador espanhol Chema Prado são os outros nomes. "Em todo o mundo, pessoas afetadas por abuso encontraram a coragem de divulgar suas histórias. Na Alemanha, cada vez mais vozes podem ser ouvidas, denunciando incidentes concretos que ocorrem nos ramos do filme e da mídia", falou. "O debate desencadeado pelo escândalo de Weinstein é importante e levou ao movimento #MeToo. #MeToo expôs a extensão devastadora deste tipo de condições inaceitáveis. Além do assunto da violência sexualizada, o debate nos convida a desafiar fundamentalmente as relações de poder inerentes à nossa sociedade", concluiu.

Urso de Ouro honorário para William Dafoe

O ator norte-americano Willem Dafoe, atualmente nomeado para um Oscar como melhor ator coadjuvante por seu trabalho em "Projeto Flórida", receberá o Urso de Ouro honorário em 2018 por suas realizações no cinema. Aos 62 anos, ele participou de mais de 100 produções cinematográficas, enriquecendo-as com suas performances expressivas e presença formidável. "O seu enorme alcance técnico como ator se prolonga desde a personificação do insondável mal até o retrato de Jesus de Nazaré. Além de suas célebres aparições cinematográficas, Dafoe também prosseguiu uma carreira paralela no teatro, sua outra paixão", disse Kosslick ao anuciá-lo como o laureado.

"Willem Dafoe é um amigo íntimo do festival e tem sido um convidado na Berlinale no passado no âmbito das exibições de filmes e até mesmo como membro do Júri Internacional em 2007. Estou realmente ansioso para recebê-lo para este edição do festival como convidado de honra e reconhecendo sua conquista da vida com o Urso de Ouro Honorário", finalizou. Para a homenagem ao artista, serão exibidos 10 filmes com o ator durante a programação do evento. Ele receberá o troféu no dia 20 de fevereiro, em cerimônima no Berlinale Palast, após sessão do longa "O Caçador".

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