Festival Turá mescla gerações e conecta grandes nomes da música nacional

Festival Turá mescla gerações e conecta grandes nomes da música nacional

Primeiro dia do evento aconteceu no Anfiteatro Pôr do Sol e reuniu artistas como Alceu Valença, Papas da Língua, Fresno, Pitty e Emicida

Victória Rodrigues *

Um grande momento para o público gaúcho foi a reunião do Papas da Língua exclusivamente para o Festival Turá

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Nem o mau tempo da capital gaúcha conseguiu vencer o ânimo dos porto-alegrenses que estavam decididos a curtir um bom festival. O céu fechado de toda a manhã foi vencido pelo sol que decidiu surgir no meio da tarde. Assim, aconteceu o primeiro dia do Festival Turá neste sábado, no Anfiteatro Pôr do Sol, reunindo milhares de pessoas no local que não recebia shows desde 2019. A concha acústica do espaço abandonado deu lugar a uma estrutura nova com um palco construído especialmente para as atrações do evento. 

A festa começou por volta das 14h, ao som dos gaúchos do Bloco Império da Lã que levaram o carnaval para colorir o chão tomado pelo barro formado pelas fortes chuvas da madrugada. Com pouca gente no local, era possível transitar e escolher o melhor lugar para curtir as atrações. Na sequência, foi a vez de Jup do Bairro animar o público misturando rap e funk com letras acompanhadas de um som pesado. 

Papas da Língua de volta em casa 

Depois de quatro anos sem tocar com a formação original, a banda gaúcha liderada por Serginho Moah subiu novamente aos palcos. Animados com o retorno, é o guitarrista da banda Leo Henkin que comenta sobre a importância de estar de volta em um evento de grandeza como o Turá. “Foi um convite muito especial, é um festival de altíssimo nível, desde a proposta até o lineup e a estrutura. Então estar junto com esse pessoal é maravilhoso”, ressalta o músico. Já o cantor Serginho Moah transmitiu a sensação de encontrar o público que esperava por um show do Papas a quase cinco anos. “Para mim é como voltar a andar em uma bicicleta que estava guardada na garagem a um tempo”, brinca. “Os ensaios foram maravilhosos, então a gente lubrificou para fazer um show para a galera curtir”. 

Reunindo grandes sucessos da carreira como Lua Cheia, Blusinha Branca, Vem Para Cá e Viajar, a banda gaúcha matou a saudade dos fãs. A animação tomou conta e grande parte do público cantava ao som das canções. “Essa a gente dedica a vocês que estavam com o Papas da Língua desde o início e para os novos fãs também", disse Serginho antes de cantar o grande sucesso Eu sei, trilha sonora de inúmeros casais apaixonados presentes no Festival. Depois do hit, a banda seguiu com outro grande sucesso Lua Cheia unindo o público em um coral caloroso. 

Alceu agitou a atmosfera do festival com seu forró elétrico. Foto: Guilherme Almeida / CP

Alceu fez o Anfiteatro dançar 

Perto do pôr do sol de fim de tarde gaúcho, o cantor Alceu Valença agitou a atmosfera do Festival com seu forró elétrico. O artista abriu os trabalhos com Bobo da Corte e Pagode Russo e, a partir daí, ninguém mais conseguiu ficar parado. Seguido de músicas que compõem a nova turnê Alceu Dispor, o cantor fez os fãs dançarem, juntos e separados, sob a luz laranja do sol que se punha. 

“Eu fui a Novo Hamburgo semana passada e estava chovendo, mas quando eu cheguei abriu o sol", contou Alceu. “Mais cedo, quando eu chegava aqui, pensei no aeroporto: ‘Será que vai acontecer de novo?’ E o sol apareceu”, brincou o cantor, enquanto recebia os aplausos calorosos da plateia. Ainda, sobre estar em um palco ao lado de novas gerações da música nacional, Alceu comenta que o Festival é uma ótima oportunidade para os jovens artistas que estão iniciando no meio musical. 

O setlist também contou com os sucessos Flor de Tangerina e La Belle de Jour e os casais apaixonados dançaram lado a lado livremente, sem deixar de cantar as composições a plenos pulmões Aquelas mais esperadas como Anunciação, Tropicana e Como Dois Animais encerraram mais uma passagem do pernambucano na capital gaúcha, embalado por um coro ensurdecedor do público. 

Pitty e os meninos da Fresno no palco do Festival Turá. Foto: Maria Eduarda Fortes / CP

Fresno, Pitty e os "emos velhos" 

O anoitecer veio junto com o rock dramático dos gaúchos da banda Fresno, que trouxeram para o Turá o último show do ano e da turnê Vou Ter Que Me Virar. A banda formada pelo vocalista Lucas Silveira, do baixista Gustavo Mantovani e do baterista Thiago Guerra, era uma das atrações mais esperadas do evento. Na apresentação dos porto-alegrenses a grama lamacenta do Anfiteatro já estava praticamente tomada pelos entusiastas do grupo, chamados carinhosamente de “emos velhos” por Lucas ao longo do show. 

A banda mesclou sucessos como Quebre as Correntes, Eles Odeiam Gente Como Nós, Fudeu! e Desde Quando Você Se Foi. Para o delírio da plateia, o cantor Emicida foi convidado para dividir os microfones em Manifesto e despejou suas rimas e flow dando um spoiler do que vinha mais tarde. Outro encontro especial no show muito esperado pelo público era a participação da cantora Pitty, que também foi convidada para performar ao lado do grupo. A rockeira baiana entrou aos 40min de apresentação e surpreendeu quando soltou a voz em Casa Assombrada, seguido pelos próprios sucessos Máscara, Na Sua Estante e Me Adora, entoados pelos fãs empolgados. 

“Quem nos conhece há muito tempo sabe as biroscas que a gente tocava com muito orgulho e com muita vontade”, disse Lucas. “Algo que a Pitty sempre teve também e vontade é tudo. Hoje, estamos fazendo o nosso show com dez anos de atraso, depois de sobreviver há mais de 20 anos de banda”, completa. 

A atração mais esperada da noite de sábado, Emicida. Foto: Maria Eduarda Fortes / CP 

Emicida e o encontro de gente como a gente 

Em meio a gritos, lágrimas e axé, o rapper paulista foi o responsável por encerrar a primeira noite de Festival. Emicida, o artista mais esperado da noite, entrou no palco acompanhado de uma flauta, sua serenidade costumeira e os versos. A canção A Ordem Natural Das Coisas foi o carro-chefe de uma apresentação carregada de surpresas e que envolveu o público de diferentes formas. O cantor não conseguiu esconder o sorriso ao avistar o coro da plateia - muitos em prantos - quando Principia começou a tocar.

Também fizeram parte do setlist as canções AmarElo, Baiana, Pequenas Alegrias da Vida Adulta, Quem Tem Um Amigo Tem Tudo e Levanta e Anda. A performance de Hoje Cedo, trouxe de volta a cantora Pitty para um dueto com o rapper, causando total delírio na plateia fervorosa. “Hoje eu estou especialmente emotivo porque não é sempre que eu posso encontrar os meus amigos da Fresno, e a Pitty também. É muito especial que a gente consiga se apresentar juntos para vocês”, relata Emicida. “São todos shows incríveis e amanhã tem mais”. 

Partindo para o encerramento do show memorável, que durou quase 1h30min, o rapper apresentou cada integrante da banda e, quando estavam todos saindo do palco, tudo indicava que a apresentação havia terminado. O público começou a pedir “bis” e Emicida retornou ao palco os presenteando com o sucesso Passarinhos, parceria com Vanessa da Mata. O rapper brincou com a plateia ao longo de todo o refrão envolvendo todos nos versos da canção. O verdadeiro encerramento se deu com a mesma serenidade do início, desta vez junto com a banda. O show cumpriu com o que o cantor propôs: um encontro de gente como a gente – que, ao final do espetáculo, ficaram sem palavras.

* Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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