Festival Turá se encerra com grandes sucessos e celebração da música nacional em Porto Alegre

Festival Turá se encerra com grandes sucessos e celebração da música nacional em Porto Alegre

O segundo dia de evento trouxe Bloco da Laje; Francisco, el Hombre; Marina Sena, Duda Beat, Baco e Caetano Veloso

Leticia Pasuch*

Caetano Veloso foi a atração mais esperada pelo público porto-alegrense neste domingo, 19

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Em sua primeira edição em Porto Alegre, o Festival Turá marcou oficialmente a retomada da ocupação cultural no Anfiteatro Pôr do Sol após quatro anos: cerca de 20 mil pessoas passaram pelo evento neste sábado e domingo, dias 18 e 19 de novembro. Diferentemente do primeiro dia, o domingo foi de maior público desde o início das apresentações, e foi só aumentando cada vez mais conforme o passar das horas. A tarde de sol e o clima ameno motivou as pessoas a estarem no espaço desde cedo. Havia distribuição gratuita de água e protetor solar para auxiliar no calor. 

O primeiro show do dia foi do Bloco da Laje. Com fantasias em vermelho, amarelo e azul, estandartes e instrumentos de carnaval, os “Evoé’s” do bloco animaram e tiraram os pés da plateia do chão, e acompanhavam as coreografias já conhecidas por grande parte – alguns dos presentes vieram até vestidos caracterizados com as cores do bloco. Narrações e elementos circenses estavam presentes nas canções clássicas, como "Lá vem Gente", "O Sol é o Rei", "Deixa Brincar" e “Recanto Africano”.

O festival seguiu com a banda Francisco, el Hombre, que está celebrando uma década de carreira com a turnê comemorativa “10 Años”. O quinteto mexicano-brasileiro levantou o público com “Tá com Dólar”, “Como una Flor” e “Arrasta”. Em “Triste, Louca ou Má”, a  vocal e percussionista Juliana Strassacapa e Helena Papini, do baixo, dominaram o palco. O público, que foi sentir o “Calor da Rua”, não desanimou em nenhum momento, acompanhando os ritmos das canções que misturam o português e o espanhol na cúmbia, zumba, folclore e até marchinhas de carnaval. De cintura solta, a banda fazia grandes interações com os presentes, e em dado momento Mateo Piracés-Ugarte pede que se abra um círculo no meio da plateia, salta do palco e começa a dançar junto.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Povo, Mateo, que é um dos fundadores do grupo, diz o quanto estavam felizes de voltar a tocar em festivais abertos como em Porto Alegre, que fez parte da construção da banda, pois vinham com frequência para a Capital nos anos iniciais da carreira. “Foi uma celebração muito boa de 10 anos, o público estava quente, cantando muito, e a gente não esperava tanta gente tão cedo. Foi bem massa”, diz. Sobre o disco que celebra a década, Juliana define como o suprassumo da Francisco. “O melhor que a gente já construiu em termos de performance, arranjo e interação com o público é o que a gente está entregando nesse momento”, ela diz.

Francisco, el Hombre comemorou 10 anos de carreira no festival. Foto: Maria Eduarda Fortes

Em seguida, chegou a vez de Marina Sena. Acompanhada de seis bailarinos, a cantora, com sua voz anasalada e sua presença de palco fez uma performance marcada pela sensualidade, e pelas famosas “Por Supuesto”, “Me Toca”, “Sonho Bom” e “Tudo pra Amar Você”. De óculos espelhado, encerrou com "Mais de Mil", "Que Tal", "Voltei pra Mim" e "Tudo Seu", e a confissão de querer voltar à Capital. 

Em entrevista coletiva, a cantora que se destaca pelas sonoridades inéditas, com gêneros pouco explorados na música nacional, conta quais são suas inspirações: "Gosto de me aprofundar em todo estilo musical. Tudo que aparece no meu radar de música eu aprofundo nos estilos, seja ele qual for. Só tem que ter o profundo naquilo", diz. Para "Vício Inerente", Marina destacou que Djavan, grime brasileiro, música indiana e principalmente Gal Costa a auxiliaram nas composições.

Marina Sena acompanhada de seis bailarinos em performance. Foto: Maria Eduarda Fortes

A pernambucana Duda Beat, à vontade no palco, apresentou-se descalça – pela primeira vez, como disse, e reforçou como estava sentindo-se livre. O público pôde apreciar em primeira mão sua nova música, “Saudade de Você”, que será lançada nesta terça-feira, dia 21. O single faz parte do seu terceiro álbum, que ainda não tem data de estreia. Ao Correio do Povo, a pernambucana deu sinais do que o público encontrará em seu novo trabalho. “Podem esperar um álbum diverso, de ritmos e gêneros, eu gosto de explorar tudo que já ouvi na minha vida e o que gosto de ouvir, sou bem eclética.”

Quando a noite já caía, o Baco chegou com seu hip-hop e rap característicos para levantar a plateia. As backing vocals deram o tom nos microfones, destacadas pelo cantor. “Dois Amores”, “Ela é Gostosa” e “Te Amo, Disgraça” foram cantadas a plenos pulmões.  

Baco levantou o público com seu característico rap e hip-hop. Foto: Guilherme Almeida

O coro “Caetano, cadê você, eu vim aqui só para te ver” clamava ansiosamente a última atração do evento, e a mais esperada, para encerrar a noite com chave de ouro. Até os artistas que se apresentaram no festival foram para a frente do palco assistir ao show – Marina Sena, Duda Beat, Baco e mesmo Sophie Charlotte, todos queriam prestigiá-lo. Ovacionado, Caetano Veloso entrou devagar no palco, acompanhado de um violão e de um sorriso tranquilo. Com um foco de luz em si, o cantor junto à sua banda apresentou a turnê “Meu Coco”, com canções como a que dá nome ao álbum, “Não Vou Deixar” e “Anjos Tronchos”. O cantor também treinou uns sambas e gingados e até tirou seu casaco para se soltar. As clássicas, todos sabiam cantar, como "You Don't Know Me”, “Sozinho”, “Desde que samba é samba”, “O Leãozinho”.

“Baby” foi uma homenagem: “Gal Costa para sempre”, o cantor disse ao fim. Após a apresentação dos integrantes da banda, "Sem Samba Não Dá" contou com participação especial: Caetano convidou Marina Sena e Duda Beat para dividir o palco. Com o “é a lua, é o sol, é a luz de Tieta, eta, eta” em coro, o encerramento se deu com a maestria que só Caetano tem, confirmada com os longos aplausos e os repetidos “Caetano, eu te amo”.

Todos os shows contaram com a presença de intérpretes de Libras no telão. Além das grandes atrações nacionais, os intervalos tiveram a discotecagem de Cadê Tereza? por Nanni Rios, Cabaret e Blow Up, DJ Chernobyl, Carol Sanches & Raquel Pianta, festival Morrostock e Céu Bar + Arte by Johnny 420. Após os dois dias, o Turá deixa a expectativa de um retorno para os porto-alegrenses reverenciarem a diversidade da música brasileira novamente.

*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes

Confira, abaixo, os registros do segundo dia de festival:


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