Filha de João Gilberto consegue autorização para entrada no apartamento do pai

Filha de João Gilberto consegue autorização para entrada no apartamento do pai

Músico de 86 anos vive isolado no local e não é visto por vizinhos há anos

AE

Músico de 86 anos vive isolado no local, não é visto por vizinhos há anos

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A Justiça autorizou nesta terça-feira o arrombamento do apartamento onde mora o cantor e compositor baiano João Gilberto, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. O pedido havia sido feito por sua filha Bebel Gilberto. O juiz da 5ª Vara de Órfãos e Sucessões, Renato Lima Charnaux Sertã, determinou que sejam tomadas "todas as cautelas necessárias para o cumprimento da medida, que visa sobretudo a salvaguardar a saúde do cantor", segundo informou o Tribunal de Justiça do Estado.

Também é possível que ele seja internado nos próximos dias. Segundo sua ex-mulher Miúcha, mãe de Bebel, seria uma forma de ele ser submetido a exames, os quais se recusa a fazer: "Espero que não seja internado. A situação é difícil, ele é muito fechado, tem 86 anos e algumas questões de saúde. Está muito magrinho. A Bebel está tentando de tudo por ele. Todos queremos que o João se trate. Ele foge de médico como o diabo da cruz. Se a gente marcar, ele desmarca 30 vezes".

Miúcha contou que conversou com o cantor nesta terça-feira e que ele estava bem e tranquilo. Durante o telefonema, o músico estava acompanhado de seu amigo Otávio Terceiro, que já foi seu empresário e tem sido uma de suas companhias mais frequentes. João mora sozinho e não é visto fora de casa há muitos anos, nem por vizinhos de seu prédio, na rua Carlos Góis.

Miúcha disse que a situação de João não é tão dramática quanto a descrita nos jornais nas últimas semanas. "Ele está cantando e tocando lindamente. É impressionante, mesmo com a idade", comentou. Há dois anos, fotos de um João mais magro e de pijama, ao lado dela e de Bebel, foram compartilhadas pela filha no Facebook. Seus últimos shows foram em 2008, por ocasião dos 50 anos da bossa nova.

Em novembro passado, João foi interditado judicialmente por Bebel, por conta de problemas financeiros que ele enfrenta. Apoiada em sua decisão pelo irmão João Marcelo, Bebel vive em Nova Iorque e esteve no Rio para resolver o problema. Esta semana, a cantora estará de volta à cidade, onde faz shows de quarta-feira a sábado.

A curatela do cantor foi pedida porque "João já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não permite a ele compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos que lhe são solicitados por terceiros, resultando numa situação atual de absoluta penúria financeira, apesar de ser titular de direitos autorais que deveriam lhe garantir mais que sua subsistência por toda a sua vida", dizia nota oficial divulgada por Bebel por intermédio de sua advogada, Simone Kamenetz, em novembro.

Bebel agiu "para impedir que ele continue sendo induzido a assinar documentos, cujo conteúdo e respectivos compromissos lhe são danosos", informava ainda a nota. João está passando por um processo de despejo, e também responde na Justiça a processos por não ter cumprido compromissos de shows fechados por sua ex-companheira, Claudia Faissol, mãe de sua caçula, Luisa, de 13 anos. A família acredita que Claudia o tenha manipulado.

Um racha na família se deu com o caso de João. Bebel e João Marcelo romperam com Claudia Faissol, que deixou de se manifestar a jornalistas. Eles acreditam que a mulher que tem uma filha com João tenha influenciado em decisões contratuais.

Apesar dos cuidados na retirada de João, anotados pelo juiz em sua decisão de remoção, há uma certa apreensão com relação ao comportamento do cantor durante e depois da ação. O músico é sistemático e passa seus dias tocando violão, muitas vezes de pijama, como mostrou um vídeo gravado por Claudia Faissol em 2015. Naquela ocasião, João não era visto em público havia sete anos.

Sua estada de alguns meses no Hotel Copacabana Palace já havia sido uma mostra da dependência de João de seu apartamento. A seu pedido, a filha Bebel teve de reconduzi-lo ao endereço da Rua Carlos Góis, no Leblon. Nesta terça-feira, a advogada Simone Kamenetz não respondeu às ligações do jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem também não conseguiu contato com Bebel nem com Otávio Terceiro, e Claudia não respondeu aos pedidos de entrevista.

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