Filme fala da busca do ‘amor sólido’

Filme fala da busca do ‘amor sólido’

‘O Jardim Secreto de Mariana’ é o mais recente longa-metragem do cineasta Sérgio Rezende

Adriana Androvandi

Os atores Andréia Horta e Gustavo Vaz contracenam no filme ‘O Jardim Secreto de Mariana’

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Um dos lançamentos nos cinemas nesta semana é o filme brasileiro “O Jardim Secreto de Mariana”. Este drama romântico é o mais recente trabalho do veterano cineasta carioca Sérgio Rezende. O diretor, que fez cinebiografias como "Lamarca" (1994) e "Mauá - Imperador do Brasil" (1999), o épico "Guerra dos Canudos" (1996) e filmes sobre questões sociais e políticas, agora se volta para o amor. 
Em entrevista ao Correio do Povo, Rezende comenta que hoje tanto se fala no “amor líquido”, conceito criado pelo filósofo Zygmunt Bauman para as relações efêmeras, que ele quis abordar em seu novo longa-metragem o “amor sólido”, ou seja, o amor como o instinto mais forte do ser humano, maior do que a reprodução.
A narrativa acompanha um casal em diferentes fases de seu relacionamento. Os protagonistas são vividos por Andréia Horta como Mariana e Gustavo Vaz como João. O casal vive em um sítio, que remete a um paraíso, onde produz plantas com métodos sem agrotóxicos. Ele para alimentação, com verduras e legumes, e ela, com flores.
Trabalhando na reprodução de flores, a mulher se dá conta de que com o ser humano a questão é muito mais complexa. O relacionamento começa a sofrer em função do desgaste gerado pelas tentativas frustradas de engravidar. A impossibilidade de terem um filho causa dores que, aliadas a outras mudanças, como a de endereço e profissão, culminam em uma separação traumática. A partir desse distanciamento, os personagens mergulham em um doloroso processo de reflexão.
O diretor conta que muitas questões o inspiraram a realizar este filme, que estava na sua cabeça há mais de dez anos. Uma foi o ritmo acelerado que estamos vivendo e a reflexão de onde isso está nos levando como sociedade. Outras recaem em questões que antigamente eram simples e depois se tornaram mais complicadas, citando por exemplo a pressão para que as mulheres tenham filhos cada vez mais tarde, o que acaba fazendo muitas adiarem a maternidade e depois terem de recorrer a tratamentos para engravidar. “O que era natural se torna artificial”, comenta. Mas se o instinto de reprodução é muito forte no ser humano, Rezende defende a ideia de que o amor é o maior dos instintos. É ele que faz João retornar para procurar Mariana após muitos anos. 
“Senti necessidade de fazer um filme que se contrapusesse ao mundo que estamos vivendo, ao cinema como espetáculo de violência”, comenta. O diretor estava sentindo falta de delicadeza. Por isso o que se encontra é um retorno ao contato com a natureza. Ao mesmo tempo, a fragilidade da condição humana, a aceitação dos próprios limites e a responsabilidade por escolhas feitas também são abordadas.
Rodado na região de Brumadinho e Inhotim (Minas Gerais), e Nova Friburgo (Rio de Janeiro), o filme foi rodado em dezembro de 2019 e finalizado no primeiro semestre deste ano. Com um ano de pandemia no meio, o diretor comenta que este tempo serviu como um período de maturação para o projeto. Na edição, a opção foi por uma montagem sem tantos cortes, confirmando a proposta de uma desaceleração também do olhar.


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