Força feminina no pagode

Força feminina no pagode

Conquistando reconhecimento de nomes como Ludmilla, Péricles e Ferrugem, a jovem cantora carioca Marvvila encoraja outras mulheres na luta pela representatividade no cenário musical

Camila Souza*

Uma das vozes de destaque no universo do pagode é a cantora Marvvila, determinada a alcançar seu principal objetivo na música: quebrar barreiras e inspirar o público feminino na luta por mais espaço

publicidade

Durante muito tempo, o pagode foi um gênero musical representado somente por homens. Enquanto eles ganhavam visibilidade e conquistavam público, as mulheres ficavam em segundo plano, como dançarinas ou backing vocals. Presentes nas letras das canções, elas não tinham espaço como vocalistas. Aos poucos, esse cenário está mudando e o público feminino tem assumido protagonismo no segmento. Uma das vozes de destaque é a cantora Marvvila. Mesmo sem referências na família, a carioca de 21 anos teve a música presente em sua vida desde criança. Aos 5 anos começou a cantar na igreja e chegou a gravar CD gospel aos nove.

O gosto pelo pagode chegou mais tarde, na adolescência, através de aulas de música na escola. Foi lá onde ouviu Ferrugem pela primeira vez e se encantou. Com 16 anos, participou do reality “The Voice Brasil”. Sua voz marcante se tornou um dos destaques da temporada e ganhou visibilidade nacional. De forma espontânea, ela seguiu gravando vídeos caseiros para as redes sociais, que mais tarde viralizaram. O número de seguidores cresceu e a artista foi abraçada pelo público. “Eu não imaginava que seguiria no pagode, principalmente por ser mulher. Eu cantava porque gostava, só que a galera foi levando a sério”, explica.

Marvvila foi conquistando também outros artistas, entre eles Ludmilla, Péricles e Ferrugem, que a convidaram para seus shows e lives. Em 2020, gravou com Ludmilla uma colaboração lançada no EP de samba e pagode chamado “Numanice”. Esse convite, que a apresentou ao mercado como uma cantora do gênero, foi fundamental para que ela decidisse se dedicar totalmente ao pagode. A jovem, que se define “muito eclética”, tem artistas como referência. No samba, se inspira em Alcione, “em sua força e empoderamento”. No pagode, destaca Péricles e Ferrugem. Já no sertanejo, cita Marília Mendonça. “Gosto muito do que ela fala na música, da sua força e voz. Ela quebrou barreiras no sertanejo, porque antes não tinha muita mulher. É isso que quero no pagode também”, afirma.

Mas conquistar espaço em um ritmo que durante anos silenciou vozes femininas não é uma tarefa fácil. Quem decide enfrentar esse desafio pode não ter boa recepção no começo, como aconteceu com Marvvila. “Já me falaram que eu estava fazendo besteira, que nada a ver ser mulher e fazer isso, que era melhor tentar outra coisa”, conta. Porém, as críticas não a fizeram interromper seu objetivo. “Quando demonstrei que tinha verdade no que eu estava fazendo, recebi muita energia positiva e incentivo”, comenta. Aos poucos, o público feminino avança na conquista de reconhecimento e respeito, mas a cantora explica que ainda tem muita batalha pela frente. “Já fui uma dessas mulheres que não têm coragem, que gosta de cantar pagode, mas não encara como carreira porque considera impossível. Hoje eu vejo que muitas se encorajam através de mim e de outras que também estão no pagode, então a gente está quebrando uma barreira, mas tem muita coisa para melhorar”, avalia. 

Em setembro de 2020, Marvvila lançou seu primeiro single pela Warner Music Brasil. O pagode romântico “Dizendo Por Dizer”, composição assinada por Brunno Gabryel e Rodrigo Oliveira, já ultrapassou dois milhões de visualizações em seu clipe no YouTube. Em fevereiro deste ano, chegou às plataformas mais um single da artista, “A Cada Beijo”, que já ultrapassou a marca de um milhão e meio de views em seu clipe. Enquanto permanece longe dos palcos devido à pandemia, Marvvila se dedica às redes sociais, em que interage com seu público. Ela ressalta a importância da música no isolamento. “Desde sempre, a música cura, traz diversas emoções e nesse período veio como remédio para muita gente”, afirma. A cantora revela que já tem novas canções gravadas e que planeja parcerias mesclando o pagode com outros gêneros. “Tem muita coisa boa pela frente e a galera vai curtir muito”, diz.

Assista ao clipe de “A Cada Beijo”

Se antes a participação das mulheres era limitada, hoje elas se veem representadas por artistas como Marvvila e o sonho de seguir carreira no pagode se torna cada vez mais possível. Se posicionando como voz de mudança, a jovem segue determinada a alcançar seu principal objetivo na música: quebrar barreiras e inspirar o público feminino na luta por mais espaço.

*Supervisão do editor Marcos Santuario


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta terça-feira, dia 23 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895