Francês ligado à Academia do Nobel será julgado por estupro na Suécia
Jean-Claude Arnault está envolvido em um escândalo que sacudiu a famosa instituição sueca
publicidade
• Após escândalo sexual, Nobel de Literatura 2018 fica para 2019
Marido da poetisa e ensaísta sueca Katarina Frostenson, integrante da Academia Sueca até sua renúncia em 12 de abril deste ano, Jean-Claude Arnault, de 71 anos, é acusado de ter estuprado uma mulher em Estocolmo em duas ocasiões em 2011. Arnault nega as acusações, mas a Procuradoria afirma dispor de elementos suficientes para levar o caso adiante.
"Os elementos de prova neste expediente são sólidos e suficientes para uma acusação formal", o que levará a um julgamento, disse a procuradora Christina Voigt, que evocou depoimentos indiretos que corroboram as declarações da vítima. A data do julgamento não foi fixada.
Segundo a ata consultada, Arnault obrigou a sua denunciante, afundada em um estado "de medo intenso", a ter uma relação oral e vaginal em uma localidade de Estocolmo em 5 de outubro de 2011, e de estuprá-la novamente na noite de 2 de dezembro, quando dormia.
A advogada da vítima enviou um e-mail à AFP dizendo que sua cliente estava "aliviada e satisfeita" por seu suposto agressor ser julgado. "Minha cliente foi profundamente afetada por essas ações, foi ofendida e humilhada de uma forma grave", escreveu a advogada Elisabeth Massi Fritz. Contactado, o advogado de Arnault, Björn Hurtig, por enquanto não fez comentários.
Jean-Claude Arnault tem sido acusado de assédio sexual por várias mulheres, que sustentam que ele o fazia aproveitando a sua influência e notoriedade na vida cultural sueca. Em novembro de 2017, o jornal sueco Dagens Nyheter publicou um relatório no qual 18 mulheres afirmavam ter sofrido violências, ou assédio sexual, por parte de Arnault.
Suspeito de ter molestado acadêmicas, ou mulheres e filhas de acadêmicos, mas também de ter "vazado" o nome de vários premiados do Nobel, Arnault recebeu milhares de euros em subvenções da Academia nos últimos anos. O Dagens Nyheter espera que o julgamento retire o véu sobre a "cultura do silêncio" que durante anos protegeu o acusado. "Uma parte da Academia sueca se esforçou ativamente para ocultar esses feitos e se esquivar da justiça", escreveu.