Fundação Iberê inaugura exposição de artista uruguaio

Fundação Iberê inaugura exposição de artista uruguaio

"Antologia", do artista uruguaio José Gamarra, perpassam oito décadas de trajetória do artista reconhecido em âmbito internacional

Correio do Povo

Fundação Iberê inaugura a exposição "Antologia", do artista uruguaio José Gamarra

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A Fundação Iberê inaugura neste sábado, 5, às 14h, a exposição "Antologia", do artista uruguaio José Gamarra, de 89 anos. Esta é a primeira vez que ele expõe em um museu no Brasil. Reconhecido em âmbito internacional, Gamarra vive e trabalha em Arcueil (França) desde 1963. A visitação acontece dequinta a domingo, das 14h às 18h, até o dia 22 de outubro.

 As 41 obras da mostra perpassam oito décadas de trajetória do artista, abrangem seus principais períodos criativos, que se iniciam com as suas pinturas precoces e atravessam a abstração de seus signos. O artista aborda, ainda, temas como a guerra, a agressão à natureza, a condição dos indígenas, o passado, o presente e o destino da América Latina. 

“O Cristo Redentor tem uma presença muito particular para mim. Morei um ano no Rio de Janeiro, é uma escultura que domina toda a cidade, fascina, interpela e acalma. Em Paris, estava muito bem-informado da situação política e social da América Latina. Religiosos brasileiros pegaram em armas para resistir e denunciar o regime totalitário que foi instaurado no Brasil em 1964, e pintar o Cristo Redentor era minha forma de representar a resistência da Igreja. Em alguns quadros pintei o Cristo com uma metralhadora nas costas”, conta o artista em entrevista ao pesquisador e um dos organizadores da exposição na Fundação Iberê, Heber Perdigón, e que está no catálogo de Antologia.  

Desde criança, José Gamarra demonstrou interesse pelas artes e talento para o desenho ao retratar seus colegas e pintar luas em paisagens noturnas. Aos 12 anos, participou de uma exposição coletiva no Ateneo de Montevidéu e, aos 15, expôs na Escola de Belas Artes, onde teve aulas de pintura e gravura e o talento reconhecido pelos professores María Mercedes Antelo e Bell Clavelli.  

“Iberê Camargo teve um papel muito importante na minha vida profissional. Eu tive o enorme privilégio de ser seu aluno no Instituto de Belas Artes, e, depois das aulas no Instituto, tinha aulas particulares no seu ateliê da Lapa. Recebia-me tomando chimarrão e vestido como um verdadeiro gaúcho, como se fosse montar a cavalo. Me lembrava muito os gaúchos uruguaios. Com ele consegui construir laços de profunda amizade. Embora nossas obrigações profissionais tenham nos afastado geograficamente, ainda sinto um profundo carinho e respeito pelo grande mestre. (...) fazer uma exposição de minhas obras na Fundação Iberê é uma grande honra para mim”, conta o artista.  

Em 1962, José Gamarra participou da III Bienal de Jovens Pintores de Montevidéu e da III Bienal da Juventude de Paris, onde ganhou o Prêmio de Pintura e uma bolsa de estudos do governo francês, onde vive até hoje e onde descobriu a cor. É um dos poucos uruguaios que tem obras no Metropolitan, no MoMA de Nova York e no Museu de Arte Moderna de Paris e Buenos Aires.  


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