Fundação Iberê inaugura exposições de Miguel Rio Branco e Afonso Tostes

Fundação Iberê inaugura exposições de Miguel Rio Branco e Afonso Tostes

Mostras "Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas" e "Afonso Tostes – Ajuntamentos" podem ser visitadas a partir deste sábado, 26

Correio do Povo

“Maldicidade” (2014), de Miguel Rio Branco, reúne, em fotografias, cenas urbanas de metrópoles de diversas partes do mundo

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Neste sábado, 26, Fundação Iberê inaugura duas exposições. Uma delas é "Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas", do fotógrafo, artista plástico e multimídia e cineasta Miguel Rio Branco, no 3º andar da instituição. Organizada pelo próprio artista e por Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles (IMS), a mostra conta com 127 obras que mostram a vivência de Rio Branco pelas cidades por onde andou, com as pessoas com quem cruzou e os ambientes que explorou, de uma maneira muito particular de escrever com imagens. “Vejo que a maior parte da população é marginal. Eu fui atraído por umas situações humanas que me chocavam e que, ao mesmo tempo, me atraíam porque havia uma força vital ali de resistência”, diz o artista.  A visitação segue até 12 de novembro.

A fotografia só como documento nunca interessou a Miguel Rio Branco. As referências que o tornaram um dos maiores nomes da fotografia e da arte contemporânea brasileira vêm quase sempre da pintura e do cinema. Conhecido por seu trabalho com a cor, o ponto principal da sua obra é justamente a construção. Em 1983, por exemplo, a 17ª Bienal de São Paulo apresentou, pela primeira vez, a instalação Diálogo com Amaú, uma projeção de imagens de um índio caiapó, o Amaú, em diálogo com imagens de sexualidade e morte advindas de outros trabalhos, ao som de um ritual na Aldeia Gorotire, no sul do Pará. Esta instalação foi um marco em sua carreira, onde fica perceptível a força que a imagem em movimento, a música e a montagem têm em sua trajetória. 

Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas começa nos anos 1970, por um momento pouco conhecido do artista, quando Miguel Rio Branco se muda para Nova York. Ele pega uma câmera e começa a fazer as primeiras fotografias em preto e branco, algo raro em seu trabalho, ao redor do bairro boêmio East Village e da Rua Bowery, onde conviveu ao lado de artistas como Antonio Dias (1944-2018), Hélio Oiticica (1937-1980) e Rubens Gerchman (1942-2008). Rio Branco tocava na ferida, registrando os contrastes sociais das metrópoles e a exclusão dos marginais. A mostra avança para trabalhos mais conhecidos, mas com imagens novas, quando o artista viaja pelo interior do Brasil na tentativa de elaborar uma síntese da identidade brasileira através da fotografia.

Afonso Tostes: a arte no desequilíbrio para destacar a fragilidade da vida 

A exposição "Afonso Tostes – Ajuntamentos" é outra a inaugurar neste final de semana, no Átrio da Fundação. Nos 25 trabalhos, a maioria esculturas feitas em madeiras e troncos de árvores, observa-se uma produção irrequieta. Esculturas, pinturas e desenhos que nunca se acomodam no lugar comum; as peças dialogam com os espaços. A visitação segue até 22 de outubro.

Conhecido por suas grandes instalações, Afonso resgata as histórias preliminares dos materiais, principalmente a madeira, expõe e transforma suas narrativas, de acordo com uma sensível reconstrução no espaço expositivo, ou mesmo com a ressignificação de objetos, como ferramentas e utensílios de trabalho. “Trabalho sobre o que já existe, o que encontro por aí, materiais que sofreram a interferência da mão humana e do tempo. Me interessa a relação do homem com seu entorno, com a natureza. Não falo apenas da relação com o meio ambiente, mas também das relações pessoais, das nossas expressões visíveis e invisíveis”, explica Afonso.  

Ainda menino, Afonso Tostes tomou gosto pelas viagens, transitando entre Belo Horizonte, onde nasceu em 1965, e fazendas no interior de Minas Gerais. Contemplador das porteiras e árvores, currais e cavalos, desenvolveu interesse pela investigação da natureza e sua relação com o homem.  

Desde sempre, demonstrou aptidão para o desenho, aprimorada na Escola Guignard, principal instituição formadora de artistas em Minas Gerais e onde teve o primeiro contato com as tintas. Em 1987, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu os estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com Carlos Zílio, Charles Watson e Daniel Senise. Das amizades que fez com artistas, críticos e curadores veio o primeiro trabalho como assistente de Antonio Dias e como cenógrafo para teatro e televisão.  


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