"Guia Politicamente Incorreto da América Latina" derruba mitos

"Guia Politicamente Incorreto da América Latina" derruba mitos

Autor Leandro Narloch dá palestra e autografa sua obra na Feira nesta sexta

Leda Malysz / Correio do Povo

Leandro Narloch fala na Feira sobre mazelas da história latino-americana

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Autor do "Guia Politicamento Incorreto do Brasil", Leandro Narloch lança nesta sexta-feira na 57ª Feira do Livro o "Guia Politicamento Incorreto da América Latina", agora feito em parceria com o repórter Duda Teixeira. "Ia desenvolver o segundo volume do Guia Politicamente Incorreto do Brasil, mas mudei de ideia para fazer o guia do mundo. Um dia, eu e Duda nos encontramos, ele vinha de uma das suas reportagens pela América, e logo resolvemos que seria mais esclacedor construírmos antes o da América Latina", explica o autor, que há diversas semanas está entre os mais vendidos. Às 18h30min, ele fala das "Histórias de heróis e revoluções talvez um pouco exageradas, equivocadas ou mentirosas e mítico dos países latinos" e às 20h30min autografa na Praça.

O livro tem 335 páginas em tons amarelados, com linhas espaçadas, o rodapé nas margens laterais, margens largas, uma página preta ilustrada em branco antes de cada capítulo e dividido em: Introdução; Che Guevara; Astecas, Incas e Maias; Simón Bolívar; Haiti; Perón e Evita; Pancho Villa; Salvador Allende; Epílogo; Bibliografia e Índice. Entre os escritos, vão se desmontando imagens românticas existentes em torno das figuras citadas no índice.

Não, eles não são tão bons assim quanto parecem. Juntos, um rebanho de lobos com peles de cordeiros, diria o mesmo senso comum após ler as histórias reportadas, pesquisadas e referenciadas por Leandro Narloch e Duda Teixeira, já conhecidas por historiadores e agora espalhadas pelos jornalistas. Com ele, é possível retirar tantas vendas dos olhos a ponto de querer seguir desconfiando de qualquer discurso. Nada é o que parece.

Ali está escrito como Che Guevara, que faz um sucesso danado no mundo todo e tem centros de saúde e comunitários com seu nome, e é tão idolatrado por jovens, amava o ódio e tinha atitudes no mínimo ditatoriais. Em Cuba, um dos seus primeiros cargos foi treinar o exército. Ali, iniciou a perseguição a roqueiros, gays, e hippies, num tempo em que a contracultura, era forte em Cuba, vinda dos Estados Unidos. Esse pessoal foi todo levado ao primeiro campo de concentração do país, criado por Che. Há denúncias de trabalhos forçados, prisões arbitrárias e danos a mais de 30 mil jovens.

Admirado por jovens que almejam trabalho digno, Che, como Ministro da Economia, propôs coisas como reduzir o salário de pessoas que trabalhavam mais, e no campo da educação, incultou um raciocínio totalmente ideológico. "Há uma frase famosa que diz que a história é contada pelos vencedores. Mas ela é contada pelos que serão vencedores", analisa Narloch.

Além das figuras individuais, as sociedades dos incas também não é tão louvável assim. Ao contrário do que se pensa, as comunidades indígenas dos Andes não eram unidas. Haviam os índios conquistadores. Muitos estudos mostram que diversas tribos se aliaram voluntariamente aos espanhóis para eliminar tribos inimigas. O povo Inca, estruturado por uma grande burocracia estatal, possuía um sistema de fazer migrações forçadas. Conquistava um povo e o levava para outra região, distante até mil quilômetros. Antes, destruíam seus templos e depois, impunham sua religião. Historiadores e arqueólogos, especialistas na história dos Incas, asseguram que pelo menos metade deles comemorou a chegada dos conquistadores europeus.

Nos dois casos, assim como de Evita, Allende e outros, o que resta é uma sensação de engano. Quem aparentemente seria santo, salvador ou herói, na verdade se configura como opressor. Invasores espanhóis bem recebidos tranformam-se em exploradores; uma américa que acreditou em governantes populares, recebeu carrascos, e até os negros da guerra do Haiti, até então considerada a única revolta negra vitoriosa, seguiram escravistas que se fingiam de salvadores.
Incompetentes idolatrados

Para Narloch, criar um pergonagem e uma ideologia a partir de uma figura política é iniciar o jogo para ganhar o poder. Um exemplo é Chaves, que se apropriou da imagem de Simon Bolívar, dizendo que ia recuparar crimes da colonização e o início de tudo é colocar um índio no poder. "É impressionante como essa visão anti-capitalista, de fronteiras nos fez mal. As trapalhadas econômicas de figuras como Che, Allende e Peron fizeram muito mal a muita gente. Eles testaram em todos os níveis as atitudes infalíveis para a ruína econômica: afastar investimentos estrangeiros (chega menos dinheiro ao país, menos construções, menos vagas de trabalho), a segunda é fixar preços e controlar a vida dos comerciantes locais (o que infla valores de certos produtos). Como a arrecadação diminui pela não entrada e circulação econômica, o governo imprime mais dinheiro e gera inflação. No Chile, em 1973, chegu a mil por cento a ano", opina o escrito.

Na palestra desta sexta-feira, Narloch narra histórias como a da Guerra do Paraguai, na qual explica que a Inglaterra não era o vilão, entre outras. Para ele, a historiografia é produto de cada época, e as novas narrativas passam por este processo. No começo do século XX, ela louvava os grandes feitos militares, os bandeirantes como seres gigantes que perambulavam no sertão, depois a marxista dos anos 60, e a dos anos 80, que se revoltou com a história oficialesca, cheia de relatos críticos e interpretações, aplicando inclusive conceitos de luta de classes.

"Acabaram se revoltando demais contra a primeira história excessivamente crítica e ensaísta, e a partir dos anos 90, ela se torna mais equilibrada. Com o fim da ditadura, da queda do Muro de Berlim, deixou de ser estimulante pensar o mundo como se ele tivesse dois lados. A gente entende essa nova história, múltipla, depois dos anos 90", explica.


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