Homem afirma que destruiu obras roubadas de Picasso e Matisse avaliadas em R$ 314 mi

Homem afirma que destruiu obras roubadas de Picasso e Matisse avaliadas em R$ 314 mi

Yonathan Birn é réu em julgamento na França por crime cometido em 2010

Correio do Povo

Quadros foram roubados do Museu de Arte Moderna de Paris e nunca foram encontrados

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Yonathan Birn, cúmplice em um dos maiores assaltos ao mundo da arte na história recente, afirmou ao tribunal francês que destruiu e jogou fora cinco obras com valor conjunto estimado em mais de R$ 314 milhões. As pinturas, de autoria de Pablo Picasso, Henri Matisse, Amedeo Modigliani, Georges Braque e Fernand Léger, foram roubadas do Museu de Arte Moderna de Paris e nunca foram encontradas. O crime foi cometido em 20 de maio de 2010 por Vjaram Tomic, apelidado de "Homem-Aranha". O julgamento deles e de Jean-Michel Corvez, indiciado por ter encomendado pelo menos um dos trabalhos e recebido itens roubados, começou na segunda.

No tribunal, Birn repetiu três vezes, em lágrimas: "eu as joguei no lixo, eu cometi o pior erro da minha existência". Entretanto, o juiz Peimane Ghalez-Marzban e sua equipe não acreditam nas alegações. Para os investigadores, as cinco pinturas foram retiradas da França ou comecializadas no mercado negro. Além disso, os outros réus testemunharam que Birn era "muito esperto" para destruir os quadros "Dove with green olives"(Picasso), "Pastoral" (Matisse, 1905), "Olive Tree near l'Estaque" (Braque, 1906), "Woman with Fan" (Modigliani, 1919).

Tomic foi preso em maio de 2011, quase um ano depois do ocorrido, quando uma dica anônima foi dada à polícia sobre um indivíduo alto e atlético que rondava os arredores do museu nos dias que antecederam o assalto. A polícia disse que rapidamente o suspeito confessou o roubo, mas se recusou a dar o nome da pessoa que o ordenou. As autoridades encontraram equipamentos de escalada em sua casa: luvas, cordas, arnês, sapatos de escalada e ventosas. O ladrão confessou que invadiu o museu para roubar "Still Life with Candlestick" (Léger, 1922) a mando de Jean-Michel Corvez, em troca de R$ 213 mil.

No julgamento, o "Homem-Aranha" fez um passo a passo da sua saga criminosa. Por volta das três da manhã, ele entrou na instituição, localizada próximo à Torre Eiffel, com aparente facilidade, aproveitando as supostas falhas nos sistemas de segurança. Ele tirou o vidro de uma janela sem rompê-lo, cortou o cadeado da grade de metal atrás dele, o que lhe permitiu passar de uma sala para outra sem despertar suspeita dos três guardas de plantão. Após pegar o item requerido, encontrou as pinturas de Picasso, Matisse e Braque, e, como o alarme não apitou, decidiu levá-las também.

Horas depois do assalto, Tomic contou que ofereceu as cinco pinturas a Corvez, que disse estar "totalmente atordoado" por elas. Este, na versão do invasor, lhe deu uma sacola de plástico contendo o montante combinado para o Léger. Não quis as outras porque não tinha certeza de que conseguiria compradores para elas. Corvez ficou preocupado em manter as peças em sua loja e, depois de vários meses, as entregou para seu amigo Birn, um especialista de 40 anos e negociante de relógios de luxo.

Falando à corte, Birn disse que concordou em comprar o Modigliani e armazenar as outras obras em seu estúdio. A situação mudou quando a polícia começou a investigar o caso em maio de 2011. Temendo ser descoberto, ele afirmou que reuniu os quadros em sua oficina antes de quebrá-los e jogá-los no lixo do prédio. "Eu perdi toda a razão e decidi tirar as pinturas do meu local de trabalho. Pensei que estava sendo seguido, convencido de que estava sendo filmado ou espionado. Eu disse a mim mesmo que eu não poderia sair do prédio com as pinturas", confessou.

Ao ser questionado pelo juiz sobre a possível confissão, Tomic disse ter certeza de que Birn não destruíra as pinturas e queria que ele dissesse onde elas estavam localizadas. "São minhas obras de arte", bradou. Ele é acusado de roubar bens culturais públicos e pode pegar até 20 anos de cadeia, enquanto Corvez e Birn são acusados de receber bens roubados, com pena prevista de até 10 anos. Os três homens também são acusados de participar de uma conspiração para cometer os roubos. O julgamento deve ser retomado ainda nesta semana.

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