Inspirado em clássico grego, "BAKAS" tem sessões em Porto Alegre até sexta
Montagem baseada em texto de Eurípedes será apresentada na casa no Museu do Trabalho
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O trabalho em questão se refere a Dionísio, deus das artes e do teatro, e busca traçar relações com a contemporaneidade sobre a arte sendo julgada, policiada e rechaçada por preconceitos diversos. Para tanto, revisita o mito grego que conta a desforra deste deus, indignado com as irmãs de sua mãe, Sêmele, as quais não acreditavam que ela, seduzida por Zeus, o tivesse gerado. Dionísio então força o delírio das filhas de Cadmo, que de espírito enlouquecido, habitam na montanha. Penteu, filho de Ágave, uma das irmãs de Sêmele, e rei de Tebas, recusa-se a venerar o deus, e manifesta publicamente a sua indignação com as cerimônias.
A busca de uma linguagem que transita entre a criação de personagens e a unidade do coro promove releituras com dinâmicas de encenação contemporâneas, como a cenografia, que desenha níveis pelo espaço, quebrando a convenção entre palco e plateia, permitindo ambientes que se relacionam com o imaginário das bacanais e das acrópoles gregas. A trilha sonora dialoga com a ideia de festas tribais e míticas, buscando referências no carnaval, Tropicália e Madonna. Contudo, a sonoridade da peça também se dá em ambientações, a partir de elementos da cenografia que permitem criar atmosferas de tensão e suspensão, com ruídos que surgem de nichos diversos.
Em cena, os atores exercitam uma investigação de construção de personagens, buscando transposições de situações trágicas para a contemporaneidade, articulando em funções múltiplas na dramaturgia da encenação. O elenco se desafia a encontrar caminhos subjetivos para tocar elementos trágicos e do estado dionisíaco, que diz respeito ao acontecimento teatral, investigando outras relações através da dança, do canto e do texto.