Jennifer Lawrence é excluída de pôsteres de "Jogos Vorazes" em Israel

Jennifer Lawrence é excluída de pôsteres de "Jogos Vorazes" em Israel

Vertentes conservadoras do Judaísmo de algumas cidades consideram divulgação de imagens femininas ato ilícito

Correio do Povo

Jennifer Lawrence não aparece nos cartazes do último filme da saga "Jogos Vorazes" em algumas cidades israelenses

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A estreia de “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final”, último filme da saga baseada na trilogia de livros homônima escrita pela norte-americana Suzanne Collins, gerou comoção não somente entre os fãs, mas também entre religosos. Em algumas cidades de Israel, pôsteres com a imagem da protagonista Katniss Everdeen, interpretada por Jennifer Lawrence, com seu tradacional arco e flecha, tiveram de ser modificados por motivos culturais.

“Em Jerusalém, cartazes com fotos de mulheres geralmente são destruídos, enquanto as leis do município de Bene Beraq (no distrito de Tel Aviv) não permitem pôsteres com imagens femininas”, disse ao jornal Ynet o vice-presidente de marketing da Nur Star Media, Liron Suissa, responsável pela divulgação do filme no país.

A versão internacional do cartaz foi distribuída na maioria das cidades israelenses, mas em Bene Beraq, assim como a capital Jerusalém, na qual diversos bairros são extremamente religiosos, foram veiculados materiais apenas com o tordo dourado estampado. Isso acontece porque vertentes extremistas do Judaísmo consideram que a divulgação de imagens femininas é promíscua e ilícita e pode “incitar sentimentos impuros nas demais pessoas”, explicou o diário Haaretz.

O jornal reportou na quarta-feira que a decisão partiu da própria produtora, ciente das regras e da cultura local. “Infelizmente, estamos sujeitos à coerção não-oficial, o que nos obriga a ser mais cuidados”, contou o vice-presidente de marketing da Nur Star Media ao periódico. “Já aconteceram vandalizações sem fim, e os clientes certamente preferiram não arriscar. De nossa parte, permitimos tudo, mas fazemos recomendações de mudanças quando necessário”.

O presidente da ONG “Hiddush – Pela Liberdade e Igualdade Religiosa”, rabino Uri Regev, se mostrou envergonhado com a adaptação dos pôsteres e criticou o extremismo. “Ninguém, nem mesmo o Presidente Snow, poderia apagar Katniss Everdeen. Ela sobreviveu a duas temporadas de Jogos Vorazes, mas acontece que a falta de modéstia de Jerusalém e a intolerância são capazes de eliminar outdoors com um símbolo de liberdade como o tordo”, falou ao Haaretz.

Ele também comentou que é difícil avaliar o impacto que fundamentalistas têm no judaísmo e na juventude. “A saga tem centenas de milhares de fãs entre os jovens de Israel, e Jennifer Lawrence é um símbolo da série, do feminismo, da igualdade e da auto-confiança, uma verdadeira líder. A ideia de publicar 'Jogos Vorazes' sem ela é a mesma que divulgar os filmes de 007 sem um retrato de James Bond”, ponderou o ativista.

Regev ainda foi além e disse que essas ações não representam a crença seguida por mais de cinco milhões de judeus no país. “Devo esclarecer que censurar Katniss não tem nenhuma relação com o Judaísmo. Essa loucura não é o Judaísmo. Esta divergência que se desenvolveu a partir dele trouxe ódio para os jovens e causa danos indescritíveis na sociedade”, avaliou.

A política e ex-membro do Conselho do governo da capital israelense, Rachel Azaria, disse em resposta que Jerusalém não faz nenhuma pressão ou aplica restrições à veiculação de imagens de mulheres. Entretanto, ela disse que muitas vezes, as empresas de publicidade fazem representações equivocadas das mulheres israelenses nas propagandas e são aconselhadas a mudarem. "Temos lutado nos últimos anos contra a exclusão das mulheres do espaço público e temos obtido grande sucesso. Essa decisão da empresa é bizarra e é irreal falar de censura das forças políticas", explicou.

O capítulo final da saga futurística, que estreou nesta quinta nos cinemas mundiais, dois dias depois do lançamento no Brasil, tem arredação esperada de 300 milhões de dólares apenas na primeira semana, de acordo com analistas. Em duas horas e 17 minutos, o filme dirigido por Francis Lawrence respeita a trama dos livros e traz um final esperado pelos fãs.

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