João Gilberto ganha homenagem de fãs durante velório no Rio de Janeiro

João Gilberto ganha homenagem de fãs durante velório no Rio de Janeiro

Pai da Bossa Nova morreu aos 88 anos

R7 e AE

Velório de João Gilberto recebe familiares e amigos

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O corpo de João Gilberto, que morreu aos 88 anos, é velado nesta segunda-feira no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A cerimonia, que vai até o início da tarde, recebe amigos e familiares do pai da Bossa Nova, mas também é aberta ao público geral. Os fãs começaram a chegar cedo no velório. Um dos admiradores do músico carrega um cartaz com os dizeres "Vá com Deus João Gilberto". O enterro do artista está marcado para acontecer às 16h, em Niterói, também no Rio.

Trajetória 

Filho do comerciante Juveniano Domingos de Oliveira e da católica Martinha do Prado Pereira de Oliveira, a Patu, João viveu em terras juazeirenses até 1942, aos 11 anos, quando seguiu para estudar em Aracaju. Juazeiro ainda o teria de volta quatro anos depois, quando o violão que o pai lhe deu começou a ganhar as primeiras carícias. A Rádio Nacional lhe trazia o mundo e João flutuava ao som de Orlando Silva, Dorival Caymmi, Chet Baker e Carmen Miranda. O primeiro grupo, Enamorados do Ritmo, veio logo, e Juazeiro ficou pequena. 

A cidade que o recebeu na sequência teria sério papel na formação de seu caráter artístico. Aos 18 anos, em Salvador, já trabalhava com carteira assinada na Rádio Sociedade da Bahia. Não havia ainda desenhado o formato voz e violão, mas seguia os mandamentos de Orlando Silva tentado imitá-lo, por mais que o moderno já fossem Dick Farney e Lúcio Alves. O grupo vocal Garotos da Lua o chamou e lá se foi, ainda sem a obrigação com o violão, gravar dois discos em 78 rotações. 

• Artistas, familiares e personalidades lamentam a morte de João Gilberto

Aos 26 anos, João Gilberto chegou ao Rio de Janeiro, durante a segunda metade dos anos 50. Sem muitos recursos, ele seguia a trilha de quem queria ser alguém com um violão debaixo do braço. Cantou para quem poderia fazer a diferença, como o cantor Tito Madi, mas teve mais sorte ao cair nas graças do produtor e também violonista Roberto Menescal. 

Em agosto de 1958, João Gilberto revelou-se por inteiro e passou a ser uma aposta de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira. A partir daí, gravou seu próprio 78 rotações com "Chega de Saudade" e "Bim Bom", apresentado pela Odeon. 

O que João Gilberto fez foi pouco e simplesmente tudo. Criou um violão brasileiro e, sobre ele, ajudou a fundar um gênero. Seguiu na formatação de sua proposta com o seguinte 78, em 1959, que trazia "Desafinado", de Tom e Newton Mendonça, e "Hô-bá-lá-lá", música de sua autoria. E ainda traria seu LP "Chega de Saudade", definindo-se como um acontecimento. "Em pouquíssimo tempo, (João) influenciou toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores", escreveu Tom na contracapa do disco. 

Expectativa pela turnê 

A última vez em que João Gilberto pisou nos palcos foi em 2008, por ocasião das comemorações dos 50 anos da Bossa Nova. Houve uma expectativa de que ele voltasse aos palcos em novembro de 2011, em uma turnê nacional com o show João Gilberto 80 anos - Uma Vida Bossa Nova. Mas a primeira apresentação que seria realizada na capital paulista foi cancelada por motivos de saúde do músico e a turnê acabou não acontecendo. 

O compositor foi visto cantando e tocando violão pela última vez em 2015: ele aparece em vídeos postados no Facebook por Claudia Faissol, mãe de Luisa, filha caçula do cantor. João estava de pijama e tocava e cantava "Garota de Ipanema" ao lado da filha. 

Entre as muitas canções antológicas de João Gilberto destacam-se "Desafinado", "Garota de Ipanema", "Chega de saudade", "Rosa Morena", "Corcovado" e "Aquarela do Brasil".


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