Jornalista do Correio do Povo lança "Campereadas" na Feira do Livro

Jornalista do Correio do Povo lança "Campereadas" na Feira do Livro

Livro terá sessão de autógrafos nesta quinta, às 18h, no estande da Record

Luiz Gonzaga Lopes / Correio do Povo

Paulo Mendes fará sessão de autógrafos nesta quinta, às 18h, no estande da Record

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Quando adolescente em Júlio de Castilhos, Paulo Mendes leu Simões Lopes Neto e viu que era possível fazer literatura sobre o campo. Desde agosto de 2009, o jornalista publica suas "Campereadas" no Correio Rural do Correio do Povo. Com o texto pronto para o próximo domingo, já são 115. Sessenta deles viraram "Campereadas: Crônicas, contos e causos do Sul" (Sulina), que terá lançamento nesta quinta, às 18h, no estande do Grupo Record RS na Feira. Para assinantes do Correio do Povo, a obra custa R$ 18. Novos assinantes semestrais recebem a obra por mais R$ 3. Mais informações pelos fones (51) 3216-1600 e 3216-1606.

Sobre o livro, Paulo Mendes conta que "são vivências que tenho pretensão de dizer que transformei em literatura". Os relatos divididos em Infância, Lida e Memória falam do campo a quem não conhece e aos nostálgicos da vida campeira. "A obra tem linguagem regionalista, mas é facilmente compreendido por um urbano porto-alegrense", ressalta Mendes.

Nesta entrevista, o mestre em Literatura Brasileira pela Ufrgs e editor de Geral do Correio do Povo fala sobre o livro, sua biografia literária, suas influências, sobre a vida do campo e sobre o seu pai adotivo, José Mendes, falecido há 30 anos (em 2 de novembro de 1981): "o cara mais genuinamente gaúcho que eu conheci".

Correio do Povo - "Campereadas" é a concretização de um sonho do homem, do escritor?
Paulo Mendes - Eu podia ter escrito um livro antes, independente, mas este livro concretizou o que eu tinha planejado para a minha carreira literária. Um livro bem editado, distribuído e divulgado pela Sulina e pelo Correio do Povo, a partir de textos publicados regularmente no jornal, que chega a todos os cantos do Estado e fora dele.

Correio do Povo - Como nasceram as "Campereadas"?
Paulo Mendes - Sempre escrevi contos e poemas, mas em 2009 após escrever num jornal interno do Correio do Povo, o Direto ao Ponto, a editora de Rural, Carolina Jardine, me convidou para escrever uma coluna de ficção na volta do Correio Rural como caderno dominical. Publiquei inicialmente o texto "O Último Mate", sobre um gaúcho, velho, solitário, sem família. Recebemos centenas de manifestações de apoio. O nosso diretor de Redação, o Telmo Flor e a Carol perguntaram se eu teria fôlego para escrever semanalmente. Desde então, escrevo todos os dias, seja no silêncio ou com o marceneiro martelando no banheiro. Estou preparando uma narrativa longa, cujo personagem Julio Villa (que já apareceu em "As Caturristas Sempre Voltam") termina os dias num asilo, à espera da filha única que nunca volta. Passa a Páscoa, Natal e Dia dos Pais e nada dela voltar.

Correio do Povo - O livro assim como os textos dominicais no Correio Rural tem uma enorme capacidade de emocionar, de mexer com o nostálgico. O que tu podes dizer sobre o conteúdo dos textos?
Paulo Mendes - São vivências que tenho a pretensão de dizer que transformei em literatura. São criações a partir do imaginário. Vivi até os 18 anos no campo. Nas crônicas, trago histórias de personagens reais; nos contos, utilizo o imaginário campeiro; e nos causos, transcrevo histórias que ouvi quando era bolicheiro. Me criei no campo, mas estou na cidade. O narrador dos contos é um personagem que vive na cidade e da janela do seu apartamento recorda o campo.

Correio do Povo - Dedicas o livro a alguém?

Paulo Mendes - A meu pai adotivo José Mendes, que faleceu há 30 anos num Dia de Finados. É o gaúcho que carrego na alma. Ele foi o cara mais genuinamente gaúcho, mais campeiro, que eu conheci. Nunca tirava as pilchas e gostava de tropear.

Correio do Povo - Quais são as referências da tradição literária contidas nos textos de "Campereadas"?
Paulo Mendes - Há neste livro uma intertextualidade com textos de Jorge Luis Borges, Juan Ramón Jiménez, Aureliano de Figueiredo Pinto, Sérgio Jacaré, Gabriel García Márquez e Aparicio Silva Rillo. As vozes destes caras circulam pelos livros. Em "Charlas com Tostado" há algo de "Platero e Eu", do Juan Jiménez. Em "Para Que Nunca Sejam Esquecidos" há a ideia do "Sur", de Borges, dos gaúchos viverem o seu destino sem saber quem e o que eram. Tem também diálogos com textos de compositores como Mauro Moraes, Gujo Teixeira e Rodrigo Bauer.

Correio do Povo - Por conter termos do meio campeiro gaúcho, o livro não pode ser evitado pelos leitores urbanos?
Paulo Mendes - As humanidades independem dos locais, se estão no campo gaúcho, em São Paulo, Moscou ou Paris. O livro tem linguagem regionalista, mas é facilmente compreendido por um porto-alegrense urbano. Só posso utilizar aquilo que eu sou, meio campo, meio urbano. Deste choque de cultura, do campo e do asfalto, é que nasce o livro.

Correio do Povo - E o retorno do público que você tem com as crônicas.
Paulo Mendes - A recepção é a melhor possível. Recebo cartas e e-mails de leitores dos 8 aos 80 anos, das mais diversas profissões. Falo da infância, da memória. O ser humano é saudosista por natureza. Muitos me dizem que gostam de ler meus textos pela emoção contida nele, mas que acham ruim, pois logo começam a chorar. Eu escrevo com emoção e quero que meus leitores se emocionem, que revivam a emoção pela arte.



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