Jornalista francesa traz à Feira tema da violência contra mulher

Jornalista francesa traz à Feira tema da violência contra mulher

Autora do livro “O Harém de Kadafi" participa de encontro com público nesta terça

Correio do Povo

Jornalista francesa fala às 18h30min, no Centro Cultural Erico Verissimo

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Em um momento em que o Brasil debate o assédio e a violência de gênero e em que leis são propostas para retroceder os direitos das mulheres, a 61ª Feira do Livro traz a Porto Alegre, nesta terça, a jornalista francesa Annick Cojean, autora do livro-reportagem “O Harém de Kadafi”. O encontro ocorre às 18h30min, no Auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural Erico Verissimo (Andradas, 1223).

Na obra, Annick retrata o ex-ditador líbio Muamar Kadafi como um homem de perfil sexual insaciável, que ao longo de seus 42 anos de governo estuprou e manipulou desde meninas na faixa dos 13 a 15 anos de idade, escolhidas em visitas a escolas da Líbia, até mulheres de alta sociedade, noivas aliciadas em cerimônias de casamento e homens de sua equipe. As mulheres “eleitas” eram mantidas em cárcere pelo governante, forçadas a beber, usar drogas e a atender aos seus desejos assistindo filmes e vídeos de conteúdo pornográfico.

A francesa nascida na Bretanha, em 1957, conta, no livro, que Kadafi precisava de pelo menos quatro meninas por dia, virgens de preferência. Tudo que fizesse com elas deveria ser filmado para que os guardas e os aliados vissem as fitas. Frequentemente, ele estuprava um menino ou uma menina enquanto discutia política com seu círculo. As famílias tentavam manter suas festas de casamento na mais absoluta discrição, com medo de que ele aparecesse e decidisse estuprar a noiva. Os membros da famosa tropa de belas mulheres, que fazia a guarda pessoal do ditador, eram recrutados em escolas e, se sobrevivessem ao teste sexual, iam para o treinamento militar.

Segundo a jornalista — que tem entre suas fontes alguns dos que sofreram estes abusos, educadores, médicos e auxiliares de Kadafi — até hoje, quatro anos depois do assassinato do ditador, ocorrido em 2011, o harém é um tema proibido na Líbia. Acredita-se no país que se os nomes das presas de Kadafi vierem a público estas serão gravemente prejudicadas num sistema opressor e muito influenciado pelas instituições religiosas. As vítimas e suas famílias, conforme Annick, se conhecidas, seriam renegadas por não terem derramado o sangue do ditador em consequência dos abusos que sofreram.

Na Feira do Livro, o encontro com Annick Cojean, que teve este livro premiado em 2012, no Prix International de l’Association de la Presse Étrangère, vai ser mediado pela jornalista Claudia Laitano, e terá garantida a tradução simultânea para o português.

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