Kiev Ballet traz a imponência de Tchaikovsky a Porto Alegre
Companhia ucraniana apresenta "O Lago dos Cisnes" e "A Bela Adormecida" neste domingo
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Serão duas obras do compositor romântico russo, "O Lago dos Cisnes" e "A Bela Adormecida". A primeira, escrita em 1876, é o mais popular de todos os balés e conta a história do jovem Príncipe Siegfried, que se apaixona por Odette, amaldiçoada a viver como um cisne até que um homem a jure amor eterno. Já a segunda é um prólogo de três atos, produzido entre 1888 e 1889, baseado no clássico dos contos de fadas do escritor francês Charles Perrault que narra a vida de Aurora, sobre a qual a vingativa fada Malévola lança um feitiço, condenando-a a cair em um sono profundo cuja única salvação é um beijo de seu verdadeiro amor.
"O mestre Tchaikovsky é venerado mundialmente e compôs estas peças que estão na lista de preferidas de nove entre 10 pessoas. Assim homenageamos também o público brasileiro com o que há de melhor em nosso repertório", justifica Bentsianov, que desempenha dupla função, artística e técnica, interpretado o feiticeiro Rothbart de “O Lago dos Cisnes”. O solista ainda relata que a seleção de um russo para a tour mostra que a arte não vê fronteiras - vizinhas e ex-integrantes da União Soviética, Rússia e Ucrânia vivem um tensão diplomática com a crise na Crimeia de 2014. "Nós reconhecemos e reverenciamos qualquer talento criativo, não interessando onde um compositor, coreógrafo ou maestro tenha nascido. A Arte provoca a evolução humana e a dança em especial aproxima as pessoas pela sua própria capacidade de reuni-las, seja para celebrar, festejar ou reverenciar" analisa.
A prática leva à perfeição
Combinadas, as obras somam quase duas horas e meia, incluindo um intervalo de 20 minutos. Para atingir a excelência e o nível exigido para que nada saia fora do planejado, os treinos são intensos. São até seis horas de trabalho por dia, duas de exercícios corporais e quatro de ensaios, exceto nas datas de eventos; cada um dos 160 dançarinos que compõem a trupe tem três shows programados por semana. As folgas acontecem apenas nas segundas-feiras. Para que a instituição mantenha-se atualizada, mas sem perder sua tradição, Bentsianov diz que não há nenhuma fórmula mágica: "é só uma questão de incorporar o que há de novidades em termos de treinamento físico e novas técnicas de ensino, mas aplicando-as nas consagradas coreografias", conta.
A busca pela primazia e perfeição, contudo, começa antes, no processo de seleção para ingressar na companhia. "Oferecemos aulas para crianças que são observadas por seus professores sobre suas qualidades físicas e emocionais. Os dançarinos são escolhidos por coreógrafos e mestres, e os mais qualificados são os que representam o nosso balé", esclarece. No país europeu, esta modalidade é bastante popular e está plenamente integrada ao sistema educacional, no mesmo nível dos esportes. Para as turnês internacionais, são escolhidos aqueles com mais experiência, mas alguns novatos, de acordo com a evolução, têm a chance de se juntar à equipe para obter conhecimento com os antigos.
Além disso, ele salienta que o fato das coreografias escolhidas serem largamente reconhecidas ajuda a manter o padrão que é constantemente exigido em cada apresentação, tanto em casas de shows menores como no imponente Teatro de Ópera da Ucrânia, onde a instituição foi criada e tem sua sede."Nosso diferencial creio ser o fato de apesar dessa exigência ser muito focada na parte técnica, somos estimulados a nunca esquecer de carregar a interpretação com emoção teatral", argumenta.
Expandir fronteiras no Brasil
O isolamento e a burocracia soviética fizeram com que as turnês fora dos países que integravam o bloco fossem escassas para diversos grupos artísticos. Quando conseguiam autorização para viajar, era sob intensa vigilância. No mundo do balé, o caso do russo Rudolf Nureyev ganhou notoriedade quando em 1961, durante uma turnê do Kirov Ballet (hoje Mariinsky) em Paris, ele quebrou a barreira da segurança soviética e pediu asilo de oficiais. Ele dançou na União Soviética pela primeira vez desde que a abandonara em 1989 fez sua última aparição pública em outubro de 1992, como diretor. Recentemente, o cancelamento de uma peça inspirada na vida e obra do solista três dias antes da noite de abertura gerou polêmica na Rússia.
Os anos sob regime unificado foram difíceis também para o Kiev Ballet, que somente após a dissolução da União Soviética, em 1991, conseguiu se apresentar além dos limites da Europa. Para o Brasil, a primeira viagem foi em 2015 e incluiu várias cidades e teve uma “recepção geralmente muito boa”. "Em nossa turnê no país notamos como o público brasileiro é mais caloroso, reage afetivamente aos momentos marcantes das peças e também sabe reconhecer e valorizar quando a técnica do movimento é realizada corretamente", fala Bentsianov. Neste ano, o convite para se performar em terra brasileiras partiu da produção nacional. "Para nós, o país é muito significativo dentro da nossa intenção de cada vez mais abrir novas fronteiras onde mostrar a nossa Arte", finaliza.
Criada em 1867 por um grupo de bailarinos que se apresentava nas danças folclóricas e balés das óperas locais, a companhia sobe ao palco do Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8787), a partir das 20h. Para esta performance, além de Bentsianov, o corpo de dançarinos tem como destaque Yan Vanya, Tatiana Golyakova e Kateryna Kozachenko. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site ou nas lojas Multisom, com valores entre R$ 160 e R$ 300.
