Kung fu e cultura oriental são o tom da abertura do Festival de Berlim
Mostra de cinema terá a projeção de 400 filmes com a distribuição de prêmios a 24 longas
publicidade
São 24 longa-metragens de 22 países que foram escolhidos para a seleção oficial, dentre os quais 19 estão no páreo para o Urso de Ouro, entregue em 16 de fevereiro. Durante duas horas de muita poesia, "The Grandmaster" mergulha o espectador na filosofia e no senso de humor dos mestres das artes marciais, apresentando os primeiros anos da China moderna.
Os combates, filmados debaixo de chuva, normalmente à noite ou em estúdio em câmera lenta, mostram o quanto o gesto, que pode matar, está enraizado num profundo domínio do corpo e do espírito, e num "modo de vida baseado na humildade", falou Wong Kar Wai à imprensa. Além do talento, os dois heróis, Ip Man (Tony Leung) e Gong Er (Zhang Ziyi), uma mulher, compartilham deste modo de vida e de pensamento. É um caso de transmissão e de amor proibido que lembra, por sua atmosfera, o clássico cult "In the mood fo love", do mesmo diretor.
"As artes marciais são uma arte de defesa que pode matar, eles sabem disso e são extremamente disciplinados", explicou Wong Kar Wai. "A disciplina e a generosidade são o que caracterizam os grandes mestres que dividem sua experiência e a transmitem. É uma parte de nossa cultura que eu gostaria de compartilhar com o público", disse.
Aos 46 anos, Tony Leung, ator de Kar Wai, treinou kung fu durante quatro anos e quebrou o braço no início das filmagens, enquanto fazia acrobacias. "Eu entendi que não era uma técnica de luta, mas uma forma de treinar o espírito, um modo de vida muito espiritual", relatou o intérprete. Zhan Ziyi se disse a "atriz mais sortuda do mundo", acrescentando: "não há palavras para descrever o quanto este filme me fez crescer" com o papel da heroína.
Fazendo jus ao cargo de presidente do júri, Wong Kar Wai afirmou que o Festival de Berlim é mais "íntimo" do que outros, pois é voltado para o "verdadeiro prazer" de compartilhar ideias e de saborear o cinema, mais do que um lugar de negócios. "Nós estamos aqui para servir os filmes, não estamos aqui para julgar, mas para apreciar, promover aqueles que nos inspiram...e nos transportam", declarou.
A seleção de 2013 é eclética, aliando filmes hollywoodianos de orçamentos enormes a produções de autores pouco conhecidos. A programação a partir de sexta-feira terá títulos como: "W imie", da polonesa Malgoska Szuwoska, que aborda a homossexualidade de um padre carismático, e a última obra do americano Gus Van Sant, "Promised Land". Matt Damon trabalha com o diretor pela primeira vez desde o oscarizado "Gênio Indomável", de 1997. No filme de Van Sant, ele dá vida a um funcionário de uma empresa petrolífera que tenta convencer os habitantes de uma cidadezinha americana a autorizarem a exploração de gás.
Três filmes muito esperados defenderão a França: "Elle s'en va", de Emmanuelle Bercot, que traz Catherine Deneuve num papel atípico; "Camille Claudel 1915", de Bruno Dumont, com Juliette Binoche, e "La religieuse", de Guillaume Nicloux, baseado no romance de Diderot, que traz Isabelle Huppert na pele de madre superiora. Todos devem passar pelo tapete vermelho, assim como Matt Damon, Jude Law, Ethan Hawke, Julie Delpy, Nicolas Cage, Emma Stone, Geoffrey Rush e Christopher Lee.
O júri é formado pelo ator e diretor americano ganhador do Oscar Tim Robbins, pelas diretoras iraniana Shirin Neshat e grega Athina Rachel Tsangari, pela cineasta dinamarquesa Susanne Bier, pelo diretor alemão Andreas Dresen e pela diretora de fotografia americana Ellen Kuras.