Líder do Eagles of Death Metal diz que após atentado em Paris todos fizeram terapia

Líder do Eagles of Death Metal diz que após atentado em Paris todos fizeram terapia

Banda faz parte do line-up do Lollapalooza, que acontece neste fim de semana em SP

AE

Hughes em apresentação na Colômbia, nesta quarta-feira

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O som dos primeiros disparos foram abafados pelas guitarras de Eagles of Death Metal. Os tiros seguintes, não. Foram ouvidos em alto e bom som. Um a um, os integrantes da banda norte-americana percebiam o que estava acontecendo diante de si.

A noite de 13 novembro de 2015, uma das mais sangrentas da história da França contemporânea, aconteceu diante dos olhos de Jesse Hughes e companhia. O que Hughes viu ali, nunca vai esquecer. Mas é preciso superar o trauma.

Três meses depois, ele e o restante do Eagles of Death Metal (banda criada por ele ao lado do amigo de infância Joshua Homme, líder do Queens of the Stone Age, embora eles não costumem dividir o palco nas turnês do EODM) voltaram à capital francesa para completar a performance interrompida à bala, naquele que foi o "show mais intenso de sua vida", como ele disse ao telefone, em entrevista na tarde desta quinta-feira.

O Eagles of Death Metal é uma das atrações do festival Lollapalooza 2016, realizado neste final de semana em São Paulo. A banda se apresenta no ingrato horário das 15h05, no palco Onix. 

Jesse, ontem (quarta, 9), vocês se apresentaram em Bogotá, é isso? Ainda estão na Colômbia?
Sim, estou na porta do hotel, neste momento. E até agora não consegui esquecer o show de ontem. Foi nossa primeira vez aqui e as pessoas ficaram muito animadas. Quando você faz um show de rock e encontra uma plateia dessas, é como vencer uma guerra, cara. 

Entendo que em situações extremas, esses traumas, esses encontros com uma violência tão absoluta, deixa algumas marcas, algumas fobias. Você experimentou isso?

Nossa, definitivamente, todos nós passamos por uma experiência assim. E precisamos lidar com o que aconteceu.

E o que fizeram? Terapia?
É exatamente isso, cara. Todos os integrantes da banda entraram na terapia assim que voltamos para casa. Mas eu preciso dizer que temos muita sorte. Somos muito unidos, uma família, mesmo. E somos, na maioria, católicos, então temos uma conexão muito próxima. Tenho feito terapia desde que tudo aquilo aconteceu. E, é assim, não tem outro jeito. É algo que precisa ser feito.

Quando percebeu que já estava preparado para voltar ao palco?
Vou dizer uma coisa, eu precisava voltar ao palco. Estando pronto ou não. Entende? Eu coloquei isso na minha cabeça, que queria voltar, porque eu não queria deixar que os caras maus, os vilões dessa história, achassem que eles realmente tinham ganho no fim das contas. E ganho de mim também. Isso não podia acontecer. 

Aquilo mudou a forma como a banda é vista, não?
E isso também influenciou na vontade de voltar ao palco. Eu acho que o que aconteceu colocou mais responsabilidade nos nossos ombros, cara. As pessoas olham para a gente e buscam algum tipo de liderança. E eu assumi essa responsabilidade. Isso, aliás, me ajudou a colocar tudo o que aconteceu para trás. Eu pensei que se não conseguisse colocar minha banda de volta no palco naquele momento, nunca mais a gente se apresentaria.

Em 16 de fevereiro, três meses depois do atentado, vocês voltaram a Paris, para um show. O que aquele momento representou?
Posso dizer uma coisa. Foi um show diferente de qualquer outro. Definitivamente, um dos mais intensos que já tivemos. E foi desesperador também. Mas havia milhares de pessoas ali, além de umas outras centenas que haviam sobrevivido ao tiroteio. Havia um senso de responsabilidade lá dentro. Nunca vi algo assim. 

Vocês e Josh Homme são amigos desde a infância. Como funciona essa dinâmica que tem tanta intimidade?
É uma diversão só. A gente ficou no estúdio por seis meses para fazer Zipper Down. Mas, na verdade, gravamos tudo em duas semanas e, no resto do tempo, ficamos aproveitando a companhia um do outro, brincávamos com avião de controle remoto, essas coisas. 

As pessoas já pararam de perguntar se o Josh Homme vai fazer o show com vocês?
Não, elas ainda perguntam. Mas não vai. Propus um trato com ele. Se me deixar tocar na banda dele (o Queens of The Stone Age), deixo ele tocar na minha. Sem falar que não ia querer dividir a atenção das garotas com ele. Não posso deixar isso acontecer. 

Você tem uma namorada, esposa, coisa assim, não? Ela não briga por você falar essas coisas? (Risos).
Sim, é verdade, cara. Vou casar em breve e ela não fica nada feliz com isso, mesmo.

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