Leituras que podem virar filmes tratam de criar vacinas, relatos de vida e feminismo

Leituras que podem virar filmes tratam de criar vacinas, relatos de vida e feminismo

'História de uma Vacina', 'Todo Dia a Mesma Noite' e 'Contra o Feminismo Branco' contam um pouco sobre o contexto que vivemos

Marcos Santuario

Em três obras literárias da Editora lntrlnseca, destacam-se as temáticas da epidemia de Covid-19 dos últimos dois anos; a tragédia da boate Kiss, em 2013, em Santa Maria; e a histórica luta pela diversidade do feminismo

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No momento em que se aproxima o final de mais um ano, há li­vros que mostram um pouco do que se vive nestes tempos. Um deles é "Todo Dia a Mesma Noite", da jornalista Daniela Arbex, que retrata "a história não contada da boate Kiss". Editado pela lntrinseca, o livro traz relatos colhidos pe­la autora de "Holocausto Brasi­leiro" e "Cova 312" sobre o acontecido na noite de 27 de ja­neiro de 2013, no incêndio em Santa Maria, que teve 242 mor­tos. Em reportagem contunden­te do ocorrido, Daniela dá voz a envolvidos e contextualiza fa­tos. Sobreviventes, familiares das vítimas, equipes de resgate e profissionais da saúde con­tam, "em depoimentos dolorosa­mente honestos", o que se vi­veu durante horas de aflição na tragédia. No prefácio da obra, o jornalista Marcelo Ca­nellas dá o tom do que se lerá: "O leitor encontrará aqui ina­creditáveis exemplos de vilania e de falta de compaixão, mas também surpreendentes gestos de grandeza humana, capazes até de nos reconfortar". 

Outra obra que marca parte do contexto que vivemos e que tem tudo para virar roteiro de filme tratando da pandemia de Covid-19, é "História de uma Vacina", do Selo História Real, da Intrínseca. Escrito pela médica brasileira Sue Ann Cos­ta Clemens, que coordenou o programa de testes da vacina Oxford/AstraZeneca em mais de 10 mil voluntários brasilei­ros, o livro mostra como, em menos de um ano, ela levantou do zero financiamento, equipes técnicas e algumas das instala­ções necessárias para a "opera­ção de guerra" que se armava. 

Com narrativa fluida, sem se prender aos elementos mais técnicos da área, trata de ques­tões científicas da pesquisa e dos desafios práticos de reali­zar, em tempo recorde, um es­tudo clínico dessa dimensão, sob o olhar atento da mídia mundial dos governos e da opi­nião pública. São expostas as dificuldades técnicas, a falta de vacinas, os entraves burocráti­cos e políticos. Mas tem tam­bém vitórias da pesquisa e a superação diária de um time de profissionais formado, sobretudo por mulheres: dos seis centros de testagem brasilei­ros, quatro tinham liderança fe­minina. "História de uma Vaci­na" resulta ser um claro relato sobre o real valor da pesquisa científica contemporânea, e também dos obstáculos existen­tes em seu caminho. Pediatra, professora e pesquisadora es­pecializada em vacinas, Sue Ann já contribuiu também dire­tamente para o desenvolvimen­to de outras vacinas, como a do rotavírus e do HPV. 

Já no campo da busca por mais diversidade do feminismo, está o livro "Contra o Feminis­mo Branco", da escritora, advo­gada e ativista dos direitos hu­manos Rafia Zakarias. Sua ex­periência vem de trabalhar por vitimas da violência doméstica do mundo todo, além de ter nas­cido e crescido em Carachi, além de haver trabalhado no conselho de administração da Anistia Internacional. "Contra o Feminismo Branco", tal contramanifesto, traz o termo "de cor" em português traduzido do termo ingiês "of color", reto­mando o uso político historica­mente estabelecido por ativis­tas antirracistas brasileiros. A escrita da obra é direta e im­pactante, questionando desde pensadoras como Simone de Beauvoir a produtos culturais como "Sex and lhe City". O re­sultado destas escolhas acaba sendo uma obra crítica à ade­são do feminismo branco ao pa­triarcado, à lógica colonial e à supremacia branca. 


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