Livro sobre animação brasileira reúne críticas de especialistas sobre obras cinematográficas

Livro sobre animação brasileira reúne críticas de especialistas sobre obras cinematográficas

Primeiro filme da lista é “O Menino e o Mundo”, considerada a melhor produção

Marcos Santuário

Otto Guerra, autor de ‘Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll’ , é um dos destaques do livro sobre a animação do Brasil

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Basta conversar com o animador brasileiro que é sucesso no mundo, Carlos Saldanha, para ampliar o olhar sobre a importância do cinema de animação no audiovisual contemporâneo. Fiz isto na última semana, durante a homenagem que ele recebeu no Festival de Cinema de Gramado 2018. Conversamos sobre a arte, seus desafios e possibilidades. E concluímos que o registro histórico é fundamental. Sobre isso, surge no Brasil nova publicação que trata do cinema de animação do país.

Iniciativa da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), em parceria com o Canal Brasil, o Grupo Editorial Letramento e a Associação Brasileira de Cinema de Animação (Abca), o livro “Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais” reúne as críticas de especialistas sobre obras cinematográficas que se destacam. O trabalho foi lançado na última semana durante o 46º Festival de Cinema de Gramado, com um debate reunindo dezenas de interessados do tema, sob a batuta do presidente da Abraccine, o crítico mineiro Paulo Henrique Silva. Antes disso, a obra teve lançamento mundial durante aquela que é considerada a mais importante premiação dedicada à animação no mundo, o Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, na França, e no Anima Mundi, no Rio de Janeiro.

A árdua tarefa de organizar os textos, editar o material e finalizar a obra ficou nas mãos competentes dos críticos Gabriel Carneiro e do próprio Paulo Henrique. “Além de aproximar a crítica da animação, estamos preenchendo com este livro uma lacuna histórica, em que várias animações importantes estão ganhando o seu primeiro texto crítico”, aponta Paulo Henrique.

Como existem alguns textos reflexivos, a obra conta também com 20 artigos históricos que registram os principais movimentos e personagens. São mais de 100 críticos, professores e estudiosos que focaram seu olhar nesta técnica cinematográfica que tem crescido de forma intensa como produto da indústria criativa do audiovisual. Alguns dos autores já tiveram participação em outros títulos da série “100 Melhores”. Já foram lançados, os “100 Documentários Essenciais” e “100 Melhores Filmes Brasileiros”.

Este novo trabalho dos críticos surgiu também para comemorar os cem anos da animação nacional e tem, entre seus públicos, estudiosos e alunos de animação, além de interessados em conhecer o desenvolvimento da técnica no Brasil, ainda pouco abordado na literatura. A publicação tem formato de luxo, muita ilustração, como se imaginaria uma obra relacionada ao tema, e 400 páginas.

O primeiro filme desta lista é “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, considerada a melhor animação brasileira, segundo a votação dos membros da Abraccine. Indicado ao Oscar em 2016 e vencedor o Festival de Annecy em 2014, o filme foi o único citado por todos os votantes que elegeram as cem melhores.

Uma passada pelas realizações apresentadas no livro leva a observar que a animação brasileira nasceu com humor, agilidade e como instrumento de contestação no curta “O Kaiser”. No percurso histórico, se expande para as mais diversas plataformas contemporâneas e conquista espaço nos principais festivais e telas mundiais. Além de “O Menino e o Mundo”, “Uma História de Amor e Fúria” (2013), de Luiz Bolognesi, em segundo lugar, também foi vencedor de Annecy. Já o curta-metragem “Meow!” (1981), de Marcos Magalhães, prêmio do júri no Festival de Cannes, ficou na terceira posição. A lista é formada por curtas e longas que marcaram a história da animação brasileira, tendo desde “Macaco Feio… Macaco Bonito…” lançado em 1928, de João Stamato e Luis Seel, a animação brasileira mais antiga presente no ranking.

Um dos destaques é o diretor gaúcho Otto Guerra, principal nome da animação brasileira, com quatro filmes na lista, dois deles entre os dez primeiros: “Até que a Sbórnia nos Separe (2013)”, codirigido por Ennio Torresan Jr., em quarto lugar; e “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” (2006), em nono. Guerra ainda aparece na lista com o curta “Novela” (1992), em 32º, e o longa “Rocky & Hudson, os Caubóis Gays” (1994), em 50º.

Mas como nem só de longas-metragens vive a animação brasileira, o formato de pequena duração, conhecido como curta-metragem, é responsável por 83 títulos dos 100 ranqueados, reforçando o papel no fomento da animação em termos de experimentação estética, narrativa e de linguagem. Compõem a lista também outras obras importantes, como o primeiro longa animado “Sinfonia Amazônica” (1953), de Anélio Latini Filho; o primeiro longa colorido, “Piconzé” (1973), de Ippe Nakashima; e “As Aventuras da Turma da Mônica” (1982) e “A Princesa e o Robô” (1983), assinados pelo diretor que mais longas animados dirigiu no país, Maurício de Sousa.

Critérios de votação

Em um primeiro momento, a associação de animadores escolheu internamente os cem trabalhos mais representativos de sua história, sem ordem de preferência. Em seguida, a Abraccine montou uma comissão para incluir mais alguns títulos, ausentes na lista original, mas importantes de serem considerados. A partir dessa lista de 115 títulos, os votantes escolheram os 50 melhores, em ordem de preferência. Os 100 mais bem posicionados compõem o ranking.

Os 20 mais

1. “O Menino e o Mundo” (2013)

2. “Uma História de Amor e Fúria” (2013)

3. “Meow!” (1981)

4. “Até que a Sbórnia nos Separe” (2013)

5. “Dossiê Rê Bordosa” (2008)

6. “Sinfonia Amazônica” (1953)

7. “Guida” (2014)

8. “Boi Aruá” (1984)

9. “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” (2006)

10. “Animando” (1983)

11. “Frankenstein Punk” (1986)

12. “As Aventuras da Turma da Mônica” (1982)

13. “Até a China” (2015)

14. “Cassiopéia” (1996)

15. “O Projeto do meu Pai” (2016)

16. “Torre” (2017)

17. “De janela pro cinema” (1999)

18. “Piconzé” (1973)

19. “O Grilo Feliz” (2001)

20. “Linear” (2012)



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