Lollapalooza entre erros e acertos

Lollapalooza entre erros e acertos

Na 4ª edição em São Paulo, festival mostra que quer melhorar

Susi Borges

Lollapalooza 2022 aconteceu entre os dias 25 e 27 de março

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Em dois dias, mais de 130 mil pessoas preencheram a área de 600 mil metros quadrados onde foi montada, pela segunda vez, a estrutura do Lollapalooza Brasil, no Autódromo de Interlagos.  Neste ano, diferentemente das edições anteriores, a opinião de quem já se despencou até São Paulo (ou Interlagos, ou Jockey) para ver de Foo Fighters a Arcade Fire era uníssona: line-up fraco, sem atração de peso.

Gostos à parte, mesmo levando um golpe em relação a 2014, que aglomerou cerca de 20 mil pessoas a mais nos dois dias no mesmo local, esta edição do festival demonstrou amadurecimento em alguns pontos, mas também colecionou reclamações (algumas reincidentes) em outros. Além disso, chamou a atenção a faixa etária do público - cada vez mais novo - que acabou dando o tom das atrações e do Lolla como um todo.

Público: predominantemente jovem (média de 20 anos), foi a massa do evento e engrossou o coro de palcos onde bandas novas se apresentavam em horários pouco privilegiados, como os britânicos do Alt-J, o trio Mallu – Camelo e Fred Ferreira, e os dançantes e demolidores de cérebro Skrillex e Calvin Harris. A sintonia com a música eletrônica, aliás, deixou a interação do palco principal, na primeira noite, com Robert Plant e Jack White, morna. Não, não era o interesse da maioria, o que acabou dando espaço para quem quisesse assumir o melhor lugar diante do palco poucos minutos antes do show. Em tempo, vale ressaltar que essa juventude que troca Jack White por Bastille é quem carrega o festival nas costas, gruda na grade e respeita o artista a que se dedica. Nos shows mais improváveis, era possível ver adolescentes chorando e com a letra na ponta da língua, como na apresentação da St. Vincent.

Internet: Bem diferente dos outros anos, quando ao colocar o pezinho na área do festival o sinal da operadora já sumia como num passe de mágicas, desta vez, a vida de quem prometia “nos encontramos lá” foi facilitada umas mil vezes. Em poucos momentos o 3G ou o 4G falhavam e, quando acontecia, era no final da noite ou em algum palco com muita aglomeração. Ligações e internet ok; garotada e Instagram felizes.

Acesso: A organização se mostrou mais preocupada com o acesso ao festival esse ano. Mesmo assim, faltou comunicação. Trens, ônibus, táxis, tudo funcionando... no sábado. Domingo, com a expectativa – que se confirmou – maior de público, a cena de desespero atrás de um táxi era normal no entorno do Autódromo. E taxistas desavisados: o show de domingo terminava às 22h e a maioria se preparando para chegar lá às 23h.

Distância: Você já deve ter ouvido esse “blá-blá-blá distância blá-blá-blá”. As caminhadas entre os palcos realmente judiam os pés, as pernas,... Para se ter ideia: do palco Ônix (onde rolou Skrillex, Calvin Harris, The Kooks) até o Axe (St. Vincent, Pitty, Smashing Pumpkins), dava meia hora de pernada, fácil. Calcule essa caminhada pela quantidade de shows que você quer ver e...! Mesmo assim, quem foi nas edições do Jockey Club, há de preferir a distância, do que a interferência de som absurdamente perceptível entre os palcos. No entanto, toda essa estrutura é cansativa e ajuda a diminuir público, sim. Com a boa transmissão pela TV, quem acima de 25 anos estaria disposto a repetir a dose?

Repetição de line-up: Alguém explica por que Foster the People de novo? (resposta abaixo)

Cancelamento no line-up: Primeiro SBTRKT, que foi substituído pela banda irlandesa Kodaline, que foi substituída por Marcelo D2.... Depois Marina and the Diamonds, que precisa de umas aulas de planejamento e acabou deixando os fãs na mão porque seu voo lá em NY foi cancelado. Ah, a organização não reembolsou ninguém por conta disso.

Shows: Poucos artistas entregaram um resultado aquém do esperado. Por outro lado, a surpresa do ano foi, indiscutivelmente, a música eletrônica. Skrillex, destruidor e com um espetáculo impecável, reuniu o maior público na primeira noite. Já Calvin Harris foi o responsável pela ida de praticamente a metade dos presentes no domingo (41,5%), seguido de Foster the People (34,3%) e Bastille (34,1%). Jack White e Robert Plant figuram na quarta e sexta posição respectivamente.


Você pode ler um pouco mais sobre o primeiro dia do Lolla aqui.


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