"Mãe!", novo filme de Darren Aronofsky, é muita confusão por nada

"Mãe!", novo filme de Darren Aronofsky, é muita confusão por nada

Longa é protagonizado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem

Lou Cardoso

Jennifer Lawrence protagoniza "Mãe!" ao lado de Javier Bardem

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"Mãe!" se tornou um daqueles filmes-eventos, em que você terá que, obrigatoriamente, assisti-lo para poder acompanhar a onda de opiniões sobre o mais novo polêmico filme de Darren Aronofsky, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Desde da sua sinopse não divulgada antes mesmo da sua primeira exibição no Festival de Veneza, a campanha foi forte para deixar o longa protagonizado pela Jennifer Lawrence como misterioso, criando uma expectativa tão grande nos fãs que adoram este frio na barriga. Porém, esqueceram que a queda poderia ser enorme em cima desta produção. 

O longa dirigido por Aronofsky, que escreveu o roteiro em apenas cinco dias, seja exatamente o que falam sobre ser dificilmente digerido. Entretanto, este resultado se deve pelo excesso de confusões mentais e pela necessidade de a todo momento querer incomodar o espectador. Ou pior, querer assustar com os recursos mais clichês oriundos dos filmes de suspenses como, por exemplo, uma porta que se abre sozinha, alguém aparece repentinamente atrás da porta da geladeira ou simplesmente, algum personagem muda drasticamente de humor durante uma cena. Tudo isso acontece dentro de um casarão afastado de qualquer civilização urbana, onde a Mãe (Jennifer Lawrence) mora com o Poeta (Javier Bardem) e ali tentam reconstruir aquela residência que foi devastada por uma grande tragédia. A rotina do casal é interrompida com a chegada de um Médico (Ed Harris) e da sua Esposa (Michelle Pfeiffer), uma dupla completamente invasiva e inconveniente, mas que introduzem vida naquele espaço vazio. O que, claro, incomoda a Mãe, pois ela não quer nenhum estranho no meio da sua perfeita relação com o Poeta. A partir daí, situações estranhas e constrangedoras dominarão a história até o seu "desfecho".

A atuação de Jennifer Lawrence é insuportavelmente passiva em meio a tanto caos e incomodação que a personagem tanto reclama. A perfomance da atriz não tem nem um terço da força expressiva, daquela que vem lá do útero, que esta Mãe necessita para um filme de Aronofsky. Talvez a falta de bagagem de Jennifer seja um dos fatores que a prejudique para um papel como este, sendo que a escolha dos seus papéis no cinema não a ajude muito para formar um currículo respeitável ou que crie uma experiência variada como atriz. O que só comprova o quão fraca ela ainda é perante aos seus colegas em cena. Javier Bardem é um monstro e este sim, é literalmente o maluco da história. Ele é daqueles atores que provocam vários sentimentos em um único momento e seu papel em Mãe! é um megalomaníaco sedento pelo amor dos outros. O ator desperta o frenesi desta adoração em cima do poeta vaidoso que representa o seu público e escreve exatamente o que os outros sentem e é aí que o filme tem seus pontos altos com estas representações do fanatismo excessivo, o egoísmo em ser o centro das atenções e da insatisfação pessoal.

Irônico é perceber que os fatores que incomodam a Mãe sejam os que mais deixam o drama interessante, já que em nenhum momento ela nos provoque a curiosidade de conhecê-la. A protagonista simplesmente está ali para agradar os outros e servir de fantoche nas mãos do marido. De acordo com o andamento da narrativa, você vai comprando a ideia e encaixando as peças da história, e então criando a sua interpretação sobre submissão, individualismo e o medo do desconhecido que o filme propõe. O diretor acerta nos pontos de sufocamento, principalmente quando coloca a câmera nas costas de Jennifer e deixa o público tonto com seus passos, e na subjetividade que coloca nos intrusos daquela casa. Porém, quando a loucura toma conta daquele local, não há SWAT que a salve. A pancadaria que acontece na virada final é absurda e chega a se tornar desnecessária com a tamanha confusão gratuita que Aronofsky insiste que a gente abrace de olhos fechados. Provando que "Mãe!" é um exagero, e gritaria, por nada.

Assista ao trailer: 


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