Madame Sheila volta em versão lúcida com a pandemia

Madame Sheila volta em versão lúcida com a pandemia

Luís de Miranda protagoniza comédia em formato on-line, pelo projeto Teatro Unimed em Casa

Vera Pinto

Madame Sheila deixou de ser esquete e ganhou série on-line, com oito episódios curtos, pelo site do Teatro Unimed

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Conhecida do público por “Terça Insana” e “5x Comédia”, a excêntrica socialite movida a champanhe, que odeia o calor brasileiro e ama Paris, onde vive reclusa na pandemia, está de volta. “Madame Sheila”, protagonizada por Luís Miranda, ganhou versão on-line, composta por oito episódios de 8min, todas as quintas-feiras, às 21h, em uma promoção do projeto Teatro Unimed em Casa. A estreia é hoje, pelo site www.teatrounimed.com.br, onde poderão acessadas gratuitamente as apresentações, até 19 de novembro, e conferidos todos os atos, até o dia 26 do próximo mês. A iniciativa vai arrecadar doações para a Associação dos Produtores de Teatro (APTR), que está auxiliando cerca de 1200 famílias de profissionais de teatro, parados há meses pelo surto de Covid-19, através do aplicativo Ame Digital.

A senhora brasileira extremamente elitista, que foi amiga da princesa Diana e affair de George Clooney, acostumada com o melhor e o luxo do jet set internacional, está passando a quarentena completamente confinada em sua mansão, na capital francesa, cercada por uma dezena de empregados, que só agora  percebeu que existem de fato.  “A Sheila se escondia atrás dos óculos e chapéu, e desta vez foram tirados os artifícios, para falar a verdade, porque a verdade dói. Com 50 anos, tenho pouca paciência para questões superficiais”, afirma Luís Miranda. Para a diretora, Monique Gardenberg, a falta de bebida dá a ela uma lucidez para saber que o bom gosto cobra muito caro. “De que adiante ter dinheiro se as grifes estão fechadas e não se pode gastar? Ela fica igual aos outros e ao tirarem a plateia e a bebida, ela optou por ser cinicamente verdadeira”, diz. Se em “Terça Insana” era melhor que ela estivesse embriagada, ao fazer um filme tem-se que ir além: saber o que ela pensa do confinamento, da cidade, dos moradores de rua, ou do fato de ser confundida com uma funcionária do teatro. Apesar de continuar falando os maiores absurdos", acrescenta Monique.

A montagem lança um olhar crítico e sutil sobre as desigualdades do mundo e do Brasil, sem a necessidade de citações. Sobre uma lente de aumento, com humor e elegância, é falado sobre o excesso de plástica de nossas celebridades e as colocações mesquinhas que diminuem o outro, entre outras questões. Na concepção de Luís, “na pandemia os mais atingidos foram os sem condições de saúde e tratamento, que não podiam ficar em casa, porque a burguesia se comportou de forma individualista. Uma madame isolada, pela primeira vez tem contato com trabalhadores invisíveis até então, que a sociedade faz de conta que não vê. Jogamos luz para o glamour dela,  tendo como ponto de partida a cronista Dorothy Parker, que tinha uma forma ácida de abordar a sociedade norte-americana”. Para ele montar este espectro, foram fundamentais os filtros para compactar as ideias, ficar antenado aos jornais e às fake news para não levar adiante fatos inverídicos e nem cometer gafes e ter boas fontes e critérios. “Eu me vejo como cronista desta sociedade, regurgitando desta mesa pouco palatável de fatos absurdos que acongtecem. Procurei fazer uma crítica atual, contextualizada pelas informações deste momento”, finaliza.

 

 

 

 

 

 


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