Michael Haneke condena "puritanismo" e "caça às bruxas" do movimento #MeToo

Michael Haneke condena "puritanismo" e "caça às bruxas" do movimento #MeToo

Diretor disse que histeria de condenações sem qualquer julgamento adequado é nocivo

Correio do Povo

Austríaco ainda disse que movimento torna o debate em torno deste tema ainda mais difícil

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O diretor austríaco, Michael Haneke, vencedor do Oscar de melhor filme entrangeiro em 2012 pelo longa "Amour", condenou nesta sexta-feira a "caça às bruxas" que o movimento #MeToo se tornou, sugerindo que isso poderia dificultar a criatividade artística. Em uma entrevista com o jornal Kurier, o cineasta também expressou suas preocupações com um "novo puritanismo e ódio aos homens" que a corrente tem deixado como marcas. "É claro que penso que qualquer tipo de violação ou coerção sexual deve ser punida", disse o premiado realizador de 75 anos.

"Mas a histeria de condenações que estamos vendo agora, antecipando qualquer julgamento adequado, acho que isso é nocivo", prosseguiu. Ele sugeriu que algumas das acusações que surgiram como parte do movimento poderiam ter mais a ver com a determinação de pontuação do que com a má conduta sexual. "As pessoas estão sendo acabadas na mídia, vidas e carreiras estão sendo arruinadas", disse ele, perguntando: "Voltamos para a Idade Média?"

Haneke disse que toda "tempestade" desencadeada por tais revelações "envenena o clima social, e isso torna o debate em torno deste tema muito importante ainda mais difícil". Ele também expressou preocupação com o impacto que o clima atual poderia ter na liberdade artística. "'O Império dos Sentidos' de Oshima, um dos filmes mais profundos já feitos sobre o tema da sexualidade, não seria feito hoje porque as instituições de financiamento não o permitiriam. Estaria escravizado por esse terror", comentou.

O diretor, que possui doze longas-metragens nos quais traz reinteradamente uma visão sombria da sociedade, além de mostrar a burguesia desumanizada, os conflitos familiares, a velhice e a morte, não é acusado de má conduta sexual. No final de janeiro, ele anunciou que fará sua primeira série de TV, intitulada "Kelvin's Book" (O livro de Kelvin, em tradução literal), um drama distópico. A série de dez partes e em língua inglesa seguirá um grupo de jovens que são forçados a fazer um pouso de emergência fora do seu país de origem e, pela primeira vez, são confrontados com o verdadeiro rosto de sua nação.

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