Morre criador da capa do Álbum Branco, dos Beatles

Morre criador da capa do Álbum Branco, dos Beatles

Richard Hamilton, de 89 anos, era conhecido como um dos pais da "Pop Art" inglesa

AFP

Richard Hamilton tinha 89 anos

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Richard Hamilton, um dos pais da "Pop Art" inglesa e criador da capa de "The White Album" ("Álbum Branco") dos Beatles, morreu na manhã desta terça-feira, aos 89 anos, anunciou a galeria Gagosian, que representava o artista britânico. O artista, já doente, trabalhava numa retrospectiva maior de sua arte, com apresentações previstas em Los Angeles, Filadélfia, Londres e Madri.

A trajetória de Richard Hamilton foi sempre marcada pela busca do envolvimento do público no evento artístico, com obras com vários pontos de conexão com o cotidiano. Fez parte, nos anos de 1950, de um grupo independente que utilizava a cultura urbana morderna como fonte de inspiração.

Como na pop art clássica, Hamilton toma emprestadas imagens do dia a dia para, através delas, refletir fenômenos sociais. Conheceu o sucesso com pinturas, colagens e esculturas, transformando em zombaria os símbolos da sociedade de consumo.

"The White Album"


Hamilton foi também responsável pela concepção da capa de "The White Album" ("O Álbum Branco") dos Beatles, em 1968, na qual o grupo não estava representado. Sem nenhum título, apresenta, apenas, um fundo branco com o nome da banda em relevo. O original seria "A Dollâ's House", mas uma banda britânica chamada Family já tinha lançado um álbum com nome semelhante. Este foi o primeiro disco lançado após a morte do manager Brian Epstein.

Hamilton também ficou conhecido por obras políticas, como "Shock and Awe" (2007-08) que põe em cena, em roupa de caubói, o ex-primeiro-ministro trabalhista britânico Tony Blair, ao decidir participar, com os americanos, da invasão do Iraque, em 2003. "É uma questão de 'timing'. Estou certo de que isso terá todo seu sentido na medida em que o tempo passar, tornando-se história. Parece-me que um artista deva se interessar por essas questões, não quero renunciar a isso", explicou ele, na época.

Após estudar o design dos artigos da empresa alemã de eletrodomésticos Braun nas décadas de 60 e 70, Hamilton projetou seu próprio produto: uma prótese dentária, fixada na ponta de uma escova de dentes elétrica, vibrando com um apertar de botão. A peça foi chamada The critic laughs ("O crítico ri") na qual acrescentou mais um toque, com sua assinatura imitando o logotipo da Braun.

Nas décadas de 40 e 50, logo após a Segunda Guerra, Hamilton perguntava-se "o que a mídia faz conosco? De que se compõe nosso mundo, que processos o estruturam, como o percebemos e compreendemos?" Como ninguém, soube dissecar o presente, recompondo-o de forma inesperada, acrescentando pinceladas irônicas.

"See, hear, smell, touch", uma foto mal impressa, em preto e branco, mostra um homem, com setas apontando para os órgãos sensoriais: "cheire!, ouça!, olhe!, sinta!". A testa fortemente reticulada apresenta as palavras "pense. pense. pense", enquanto da boca sai um balão de diálogo cheio de meros pontos de interrogação.

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