Morre no Rio o diretor teatral Aderbal Freire-Filho, aos 82 anos

Morre no Rio o diretor teatral Aderbal Freire-Filho, aos 82 anos

Dramaturgo estava internado no Rio de Janeiro por causa de um AVC e era casado há 19 anos com a atriz Marieta Severo

Correio do Povo

Aderbal Freire-Filho durante lançamento do ciclo Cultura e Pensamento em 2015

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O diretor teatral Aderbal Freire-Filho morreu nesta quarta-feira, aos 82 anos. A notícia foi dada por familiares do diretor cearense, que nasceu em Fortaleza, em 8 de maio de 1941. Ele estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, por causa de um AVC. Também apresentador de televisão e ator, Aderbal era casado com a atriz Marieta Severo há 19 anos. Ele deixa também um filho, Camilo.

O diretor começou a carreira artística aos 13 anos, atuando em grupos amadores e semiprofissionais de teatro. Filho de Aderbal e Maria Freire, formou-se em Direito em Fortaleza, mas não  exerceu a profissão. Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1970, e faz sua estreia como ator em "Diário de Um Louco", de Nikolai Gogol, encenado dentro de um ônibus que percorreu as ruas da cidade.

Sua primeira direção foi com o espetáculo "O Cordão Umbilical", de Mario Prata, em 1972. Mas seu primeiro grande sucesso profissional foi a direção do monólogo "Apareceu a Margarida", com Marília Pêra. A peça de Roberto Athayde sobre uma professora tresloucada, estreou no dia 4 de setembro de 1973, no Teatro Ipanema, no Rio de janeiro. No mesmo ano, Aderbal fundou o Grêmio Dramático Brasileiro.

Em 1989, ele criou uma companhia de teatro, o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (CDCE). A companhia surgiu vinculada ao projeto de recuperar o Teatro Gláucio Gill, abandonado pelo Governo do Estado, ocupando-o com uma programação coerente e uma companhia com continuidade de produção. Durante um ano e meio, Aderbal ensaiou nos escombros do teatro. Estreou em 1990 com A Mulher Carioca aos 22 Anos. A peça transpõe para a cena, sem nenhuma adaptação, o romance original de João de Minas, incorporando o modo narrativo à interpretação dos atores.

No ano seguinte, a companhia, com mais atores, em sua maioria iniciantes, monta "Lampião", texto e direção de Aderbal, o primeiro de uma seqüência de três espetáculos voltados a temas históricos nacionais. Em "O Tiro Que Mudou a História", de Carlos Eduardo Novaes e Aderbal Freire-Filho, o diretor sai do teatro para encenar a trajetória política de Getúlio Vargas na sua antiga morada, o Palácio do Catete, atual Museu da República. Com ação itinerante, o espetáculo conduz o público pelos diversos cômodos da casa, onde a história gradativamente passa da mesa de reuniões à cama em que o presidente comete suicídio.

Em 2008, ao lado de Paulo José, participou como ator do filme "Juventude", de Domingos de Oliveira, no papel de Ulisses um médico com muitas conquistas amorosas e um drama familiar. Aderbal dirigiu Wagner Moura na bem-sucedida versão de "Hamlet", de Shakespeare. Em seguida montou os clássicos "Moby Dick" e "Macbeth". Em 2010, Aderbal dirigiu a peça "Orfeu da Conceição", escrita por Vinicius de Moraes. Em 2011, após mais de uma década fora dos palcos, Aderbal volta a atuar na peça "Depois do Filme". No espetáculo, que também dirigiu e escreveu, Aderbal continuou a narrativa de Ulisses, seu personagem no filme "Juventude".

Em 2013, estreou a peça "Incêndios", no Teatro Poeira. A montagem tinha Marieta Severo como protagonista e ganhou vários prêmios. Por este trabalho, Aderbal recebeu o Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Diretor. O espetáculo fez temporada em Porto Alegre no ano de 2014, no Theatro São Pedro. 

Seu último trabalho na televisão foi como apresentador do programa "Arte do Artista ", na TV Brasil. O programa experimental teve quatro temporadas e um formato inovador, pois mesclava a linguagem televisiva com a teatral e cinematográfica. O programa estreou em 2012 e teve quatro temporadas. Aderbal entrevistou grandes nomes da nossa cultura, como: Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Camila Pitanga, Deborah Colker, Eduardo Kobra, Fábio Porchat, Fagner, Gerald Thomas, Gregório Duvivier, Lenine, Marieta Severo, Marília Gabriela, Mateus Solano, Matheus Nachtergaele, Nathalia Timberg, Nicette Bruno, Selton Mello, Thalita Rebouças, Wagner Moura, Walter Carvalho, Wanderléa, Wolf Maya e Zélia Duncan.

Aderbal foi um defensor da integração do teatro brasileiro com os de países da América do Sul e passou os últimos anos encenando peças entre o Brasil e o Uruguai. Em 2018, recebeu o título de visitante ilustre pela Câmara Municipal de Montevidéu. Desde os anos 1980, montava espetáculos na Argentina, Colômbia, entre outros países da América do Sul. A peça "Mão na luva”, de Oduvaldo Vianna Filho, foi vencedora, no Uruguai, do Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro em 1985.


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