Mostra de Maria Ivone dos Santos inaugura o calendário expositivo do V744atelier

Mostra de Maria Ivone dos Santos inaugura o calendário expositivo do V744atelier

A partir de um olhar retrospectivo sobre parte de sua produção nos últimos 30 anos, a artista visual destaca dois grupos de trabalhos, colocando seus procedimentos em relação

Correio do Povo

Em “Cabe a alma”, observa-se o uso de espelhos de acrílico coloridos e da fotografia, e seus procedimentos de impressão e de reflexão

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O V744atelier dá início à programação de 2024 inaugurando a exposição “Performance do Arquivo: Especulações”, de Maria Ivone dos Santos, neste sábado, 9, às 17h, no espaço localizado à rua Visconde do Rio Branco, 744.

A exposição parte de um olhar retrospectivo sobre o seu arquivo artístico pessoal para ativá-lo e lançar-se em novos projetos. “Especular é um termo que deriva do latim speculare, e que se refere tanto ao ato de meditar quanto ao de refletir (no sentido físico), podendo se referir às particularidades de um espelho, quanto ao ato de observar”, explica a artista.

Maria Ivone destaca dois conjuntos anteriores de obras. Em “Cabe a alma”, observa-se o uso de espelhos de acrílico coloridos e da fotografia, e seus procedimentos de impressão e de reflexão. Em “Meditações”, há uma busca por associar a imagem com a materialidade, envolvendo objetos em gesso, bem como os gestos de tocar e de mostrar que são recorrentes em seus trabalhos.

A casa onde se situa o V744atelier, suas distintas atmosferas, e o longo corredor que dá acesso ao interior e ao jardim, a instiga a produzir “Especular”, um ensaio comparativo composto por 27 peças. Esse conjunto coloca em relação a opacidade do gesso com a reflexividade dos espelhos em acrílico, trazidos do projeto “Cabe a Alma”, iniciado em 2012. Em “Especular” os distintos formatos de espelhos em acrílico são utilizados para acolher as imagens refletidas e demarcar a experiência naquele lugar, mas também são apresentados como perímetros de um desenho no espaço, ou então servem para construir fôrmas, que transpõem as áreas desses espelhos em volumes de gesso.

A sala do meio do espaço expositivo apresenta um conjunto de fotografias que captam diferentes aspectos da arquitetura e do jardim do V744atelier, propondo um jogo de reflexos através do uso dos espelhos coloridos. Já a sala da frente reúne 20 imagens do arquivo da artista, captadas em diferentes períodos e contextos, bem como fotografias recentes, todas elas relacionadas ao projeto “Cabe a Alma”. Assim, a exposição constitui para a artista uma zona de experimentações e de reativações baseada em seu arquivo, onde retoma meios e procedimentos, e os coloca em movimento, intercalando temporalidades e espacialidades, num jogo entre formas materiais e imagens.

Maria Ivone chama de “Performance do arquivo: especulações” os movimentos mentais e encontros que a instigam a realizar laboratórios escultóricos e fotográficos. A exposição busca, assim, instaurar uma zona de experiências e especular, por meio dos movimentos de espacialização de blocos de opacidade com as superfícies reflexivas, integrando imagens anteriormente captadas com esses espelhos em outros contextos com as novas imagens realizadas no Atelier.

A respeito do trabalho de Maria Ivone, o historiador e teórico da arte, Stéphane Huchet, comenta em seu texto crítico sobre a exposição: “Tem uma intensidade intrínseca da imagem que mostra pouco: a arte do pouco, contraponto à tendência contemporânea de não esconder nada e de se orgulhar de ofuscar a sutileza, faz o arquivo performar porque ele reflete as horas vividas e dá consistência e duração, mesmo que frágil, ao que uma vez existiu antes de se declarar. De-clarar, clarear, dar luz àquilo que o sensível veicula e que os artistas costumam perceber por vocação é o que dá ao trabalho da Maria Ivone seu volume significante”.


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