Movimento contra assédio está "muito atrasado", considera Chimamanda Ngozi Adichie

Movimento contra assédio está "muito atrasado", considera Chimamanda Ngozi Adichie

Autora nigeriana espera que enxurrada de denúncias não seja algo passageiro

AFP

Ser feminista na África significa estar disposto a ir contra a convenção, conforme a autora

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O grande reconhecimento global de casos de assédio está "muito atrasado", acredita a autora Chimamanda Ngozi Adichie. Contudo, a nigeriana de 40 anos, um fenômeno de vendas na última década, espera que a enxurrada de denúncias não seja "uma moda passageira". Para ela, o movimento global #MeToo, contra a má conduta sexual, está apenas em sua fase embrionária e não deve parar nas revelações, mas deve seguir para que as vítimas possam ter o mínimo possível de justiça.

"Durante muito tempo, as mulheres em muitas partes do mundo sentiram que não podiam falar sobre essas coisas, porque as pessoas não acreditariam nelas e porque haveria muitas consequências para elas", disse. Escritora de vários livros premiados, incluindo "Meio Sol Amarelo", "Hibisco roxo" e "Americanah", ela tem incansavelmente feito campanha contra a desigualdade de gênero. Sua conversa " Todos devemos ser feministas", no TEDx em 2012, foi vista mais de quatro milhões de vezes e inspirou um livro de mesmo nome.

Chimamanda, que separa seu tempo entre a Nigéria e os Estados Unidos, disse que o movimento #MeToo também provocou um debate na África - embora não tanto quanto no Ocidente. "Eu sei que na Nigéria as jovens seguiram as notícias e também sei que, de repente, algumas começaram a falar sobre suas próprias experiências", comentou, trazendo como exemplo a história de uma mulher que recentemente postou no Facebook sobre um tutor que a importunava sexualmente na faculdade de medicina. "Falar sobre isso abertamente e nomear o citar um homem que era professor... isso é muito incomum. É apenas uma história, mas para mim algo simbólico do que esse movimento produziu", argumentou.

Ser feminista na África significa estar disposto a ir contra a convenção, conforme a autora. "Há muitas mulheres no continente africano que são feministas, mas que não usam a linguagem ocidental, que nem sequer se chamam de feministas, mas na forma como vivem suas vidas o são, porque se consideram plenamente humanas e plenamente iguais", reconheceu. Isso inclui "mães solteiras que deixam casamentos abusivos, apesar de terem muita pressão familiar para permanecer", bem como "escolher ser ambiciosa e não se desculpar por isso".

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