Mulheres brilham nas indicações ao Oscar, mas realidade feminina é outra em Hollywood

Mulheres brilham nas indicações ao Oscar, mas realidade feminina é outra em Hollywood

Apesar de ano positivo nas nomeações ao prêmio, estudo aponta que mulheres são "notavelmente sub-representadas" na indústria

Correio do Povo

Greta Gerwig se tornou a quinta mulher a ser indicada na categoria de melhor direção

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As mulheres brilharam nas produções indicadas ao Oscar em 2018. Sally Hawkins interpreta uma faxineira muda e sensível, mas determinada a cumprir seu objetivo, em “A Forma Da Água”. Frances McDormand personifica a fúria gerada pela ineficiência dos policiais responsáveis por investigar o assassinato de sua filha em “Três Anúncios Para Um Crime”. As atrizes, favoritas ao prêmio de atuação feminina e cujos longas também lideram as apostas ao prêmio de melhor filme, são um exemplo nas telas da força feminina que promete arrebatar a cerimônia deste domingo.

As indicações da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas seguiram anos de campanha por pagamento justo e melhores oportunidades para as mulheres atrás das câmeras. O movimento pela igualdade em Hollywood ganhou traços ainda mais dramáticos e foi impulsionado por figuras que romperam o silêncio nos últimos meses em relação ao abuso sexual e ao assédio na indústria do entretenimento. Greta Gerwig, responsável pela comédia dramática "Lady Bird: É hora de voar", está entre as finalistas na corrida pelos troféus de melhor roteiro original e de melhor direção. Neste último, é apenas a quinta candidata na história de 90 anos do prêmio, e a primeira em oito anos, desde que Kathryn Bigelow venceu por "Guerra ao Terror", em 2010.

"Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi" tem sido pouco falado, mas alcançou marcas importantes. Rachel Morrison, diretora de fotografia, tornou-se a primeira mulher a receber uma nomeação de melhor fotografia (ela também assume o mesmo cargo em “Pantera Negra", o primeiro filme de um herói negro da Marvel que já arrecadou mais de 700 milhões de dólares em bilheteria). A diretora e roteirista Dee Rees conseguiu uma indicação na categoria de melhor roteiro original, o que a qualifica como a primeira negra a disputar a modalidade. A estrela música soul Mary J. Blige conseguiu um feito histórico: além de ser indicada a melhor atriz coadjuvante, sua faixa "Mudbound" concorre à melhor canção original.

Além disso, Meryl Streep, a diva de Hollywood, se sacramentou como um dos nomes mais importantes da história do cinema. Por sua indicação à melhor atriz por seu papel em "The Post: A Guerra Secreta", ela aumentou o próprio recorde de artista com mais indicações nas categorias de atuação na história do prêmio e concorre pela 21ª vez. A veterana da indústria venceu em três oportunidades, por suas atuações em "Kramer vs. Kramer" (1979), "A Escolha de Sofia" (1982) e "A Dama de Ferro" (2011).

Outro destaque é a atriz transgênero Daniela Vega, que protagoniza o chileno “Uma Mulher Fantástica”, que concorre na categoria de melhor filme estrangeiro. E as mulheres também se mostraram de muitas outras maneiras. Ao lado do marido Kumail Nanjiani, Emily V. Gordon disputa a estatueta de melhor roteiro original por “Doentes de Amor”, mesma categoria na qual está Vanessa Taylor, nomeada por seu trabalho com Guillermo Del Toro em “A Forma da Água”.

Minorias e mulheres são "notavelmente sub-representadas" em Hollywood, aponta pesquisa

Apesar de um ano que pode ser considerado positivo no que diz respeito a indicações femininas, um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles mostra que as mulheres e as minorias estão "notavelmente sub-representadas" em Hollywood. A pesquisa"Cinco anos de progresso e oportunidades perdidas", publicado nesta indicou que "tanto no cinema como na televisão, as mulheres e as minorias permaneciam notavelmente sub-representadas em todos os âmbitos em 2016". Informes "demonstraram repetidamente que os filmes e séries de televisão com elencos adaptados à diversidade dos Estados Unidos tendem a registrar as maiores bilheterias e avaliações", diz o documento assinado por Darnell Hunt do Centro Ralph J. Bunche Center para estudos afro-americanos da UCLA.

"Pantera Negra" é uma prova disso: 403,6 milhões de dólares em apenas dez dias nos Estados Unidos e Canadá e mais de 700 milhões no mundo, ainda sem ter estreado em países como China ou Japão, dois dos maiores mercados. O filme pôs fim a um velho mito de que produções com atores negros não vendiam bem no exterior. O mesmo aconteceu com "Mulher Maravilha" com as mulheres, de modo que os estúdios entendem que podem ganhar grandes quantidades de dinheiro apostando em projetos não desenhados apenas para homens brancos.

"A crescente audiência diversa dos Estados Unidos demanda ao cinema e à televisão conteúdo com personagens cujas experiências se pareçam com às deles, que se pareçam com eles, com os que possam se relacionar", diz o estudo. "Ainda há um longo caminho pela frente antes de que as mulheres ou as pessoas negras consigam representação proporcional entre os atores de televisão e cinema, mas ao menos a tendência aponta na direção correta". A pesquisa destaca que a mesma diversidade escassa se aplica atrás das câmeras, como entre diretores e produtores. De acordo com os resultados encontrados, as minorias - negros, latinos, asiáticos - continuam pouco representadas em papéis principais de cinema (13,9%) ou televisão (18,7%), direção de filmes (12,6%) e roteiro (8,1%). As mulheres também: 6,9% dirigiram filmes e 31,2% tiveram papéis principais no cinema e 35,7% na TV. O estudo foi baseado em uma análise de 200 filmes de 2016 e 1.251 programas na TV aberta, a cabo e serviços de streaming.

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