Multidão de mexicanos dá adeus a Chaves
Cerimônia religiosa no Estádio Azteca foi transmitida ao vivo pela TV
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A cerimônia religiosa foi transmitida ao vivo pela TV mexicana, assim como para outros países onde o programa criado por Bolaños conquistou legiões de fãs. Pombas brancas foram soltas e o caixão deu uma última volta pelo estádio, ao fim da cerimônia religiosa realizada na presença de familiares, amigos, políticos e artistas.
O corpo de Bolaños foi velado no sábado nos estúdios da Televisa, e estiveram presentes, além de sua segunda esposa, a atriz Florinda Meza - a dona Florinda - e seus seis filhos, atores como Edgar Vivar (Seu Barriga) e Carlos Villagrán (Kiko), que, apesar de ter mantido uma delicada disputa judicial com o comediante falecido, não deixou de reconhecer sua genialidade.
No sábado, Bolaños também recebeu um minuto de aplausos no Estádio Azteca por parte dos torcedores que foram ver a partida entre o América e o Pumas. No trajeto do caixão entre sua residência em Cancún e a Televisa, também foi ovacionado pelas pessoas nas ruas.
O legendário comediante morreu na sexta-feira, aos 85 anos, de causas ainda não divulgadas. Em suas últimas aparições públicas, Bolaños sempre se deslocava com o auxílio de uma cadeira de rodas. Ele fez rir gerações de crianças latino-americanas, com personagens inesquecíveis como 'Chapolin Colorado' e 'Chaves', que usava do humor para revelar os profundos temores que o assombravam desde criança.
Por causa de sua prolífica escrita, que rendeu roteiros para rádio, televisão, cinema, teatro e inclusive vários livros, Bolaños foi apelidado por um colega de 'Chespirito', um pseudônimo que aliava a comparação com o talento do dramaturgo Shakespeare e um diminutivo que refletia a sua baixa estatura.
O comediante nasceu em 21 de fevereiro de 1929 em uma família de classe média da Cidade do México. Seu pai, um boêmio amantes das artes, trabalhou como desenhista e ilustrador para importantes jornais, mas a vida desregrada provocou sua morte precoce, quando o pequeno Roberto tinha apenas seis anos. Quando adolescente, Bolaños sonhava ser jogador de futebol e se destacou em torneios escolares de boxe, que disputava escondido da mãe.
Aos 22 anos, começou a estudar engenharia mas se aventurou a escrever anúncios em uma agência de publicidade e logo estreou como roteirista em programas de rádio, televisão e cinema que ganharam fama. Mais tarde, aproveitou a ausência de algum ator nas gravações para fazer graça diante das câmeras, dando os primeiros passos para o comediante que interpretaria personagens nascidos em sua própria imaginação.
Aos 40 anos, Bolaños estreou na televisão mexicana com o programa "Chespirito" que, com interpretações diversas, ficou no ar por 25 anos ininterruptos em horário nobre e foi exportado para inúmeros países. Mas seu personagem mais celebrado foi 'Chaves', um menino órfão e pobre que vivia dentro de um barril, em uma vila suburbana, e repetia a frase "foi sem querer, querendo" para se desculpar de suas travessuras.