Mural com Paixão Côrtes, Laçador e Chama Crioula é apresentado em Porto Alegre

Mural com Paixão Côrtes, Laçador e Chama Crioula é apresentado em Porto Alegre

Chamada de “Estado de Paixão”, obra é do muralista Eduardo Kobra e leva cultura para o Quarto Distrito

Tais Teixeira

Mural "Estado de Paixão", pintado por Eduardo Kobra, está na parede do Galpão 4D, em Porto Alegre

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Um mural que une o  tradicionalista Paixão Côrtes, a Chama Crioula e o monumento do Laçador. Esse respiro de arte agora faz parte de Porto Alegre. Criada pelas mãos habilidosas de um dos mais importantes muralistas do mundo, o brasileiro Eduardo Kobra, a obra chamada de “Estado de Paixão” é uma composição  vanguardista e contemporânea ao mesmo tempo. Eternizado no  Galpão 4D, na região do Quarto Distrito, zona Norte da Capital, o mural foi apresentado na quarta-feira à noite, em um coquetel com a participação de lideranças políticas,  jornalistas, convidados e parentes de Antônio Caringi, artista que esculpiu a estátua do Laçador, e de Paixão Côrtes, tradicionalista que serviu de inspiração e de modelo para o Laçador e que deixou um legado de hábitos, costumes e ensinamentos sobre a história do Rio Grande do Sul. 

O paredão de 16 metros de largura e 10 metros de altura foi pintado por Kobra e mais dois assistentes em seis dias (15 a 21 de janeiro). O convite veio da ABF Developments, incorporadora responsável pela reforma do Galpão 4D e pelo empreendimento imobiliário chamado 4D. As duas estruturas estão adjacentes e têm previsão de entrega para 2025. O prédio terá 440 apartamentos e todos já foram vendidos. O CEO da ABF Developments, Eduardo Fonseca, disse que o Quarto Distrito é uma região efervescente e que está sendo alvo de investimentos da construtora. Fonseca conta que a ideia de mesclar arte e urbanização tem inspiração internacional. “A cultura está  em cidades revitalizadas como Barcelona, Nova York e Londres”, disse. 

O galpão tem cerca de 100 anos e já funcionou como uma antiga fábrica de vidros. Tem dois pisos que serão utilizados com propósitos diferentes, sendo o primeiro um complexo gastronômico e o segundo com 41 lofts no estilo novaiorquino. “São para solteiros e devem variar de R$ 280 mil a R$ 600 mil”. disse.

Mais homenagens

O filho de Paixão Côrtes, Carlos Paixão Côrtes, relatou que toda a família está muito emocionada com mais essa homenagem ao pai, que teve 70 anos de vida pública. “Ele dizia que era um elemento do próprio trabalho”, lembrou. Côrtes destacou que ver a imagem do pai  ao lado da  Chama Crioula que, fez 75 anos de existência desde que foi acesa pela primeira vez pelo tradicionalista, e junto do Laçador, outro símbolo de Porto Alegre, obra de Antônio Caringi, chama atenção das novas gerações, que não o conheceram antes de falecer. Paixão Côrtes morreu em agosto de 2018, aos 91 anos, e deixou como legado influência do cinema, teatro, música e danças. 

A neta de Antônio Caringi, Antonella Caringi de Aquino, atua como gestora dos acervos das obras do avô, escultor natural de Pelotas, responsável pelo Laçador, disse que é muito grata por carregar o sobrenome Caringi,motivo de orgulho e honra. “Esse mural tem a arte do passado e do futuro projetada pelas mãos de Eduardo Kobra, um dos maiores muralistas do mundo, que teve a genialidade de colocar a assinatura do Caringi na sua obra e reverenciar o paixão Côrtes, pessoa que mais propagou a obra do Caringi em vida”, ressaltou. 

Antonella reforçou que o avô também entregou pelo menos 40 obras para o Rio Grande do Sul, como o Monumento Expedicionário, no Parque da Redenção, Monumento a Bento Gonçalves, na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre.


Pesquisa, talento, tintas, inspiração e transpiração

Antes de materializar o seu trabalho nas paredes do mundo, Eduardo Kobra pesquisa, assiste documentários e faz muitos esboços até chegar ao que considera ideal. Com o mural "Estado de Paixão", não foi diferente. “Gosto de pintar pessoas que contribuíram com a cultura e com o humanismo no mundo”, revelou. Acostumado a projetar pessoas que são referências mundiais, o artista também participa de trabalhos que valorizam personalidades regionais. “Se queres ser universal, começa pintando a sua própria aldeia”, afirmou, citando a frase do russo Liev Tolstói para explicar a relevância de realçar personalidades locais.

Kobra elucidou que se debruça sobre a história da região e do personagem antes de iniciar uma pintura. “Faço uma imersão sobre a pessoa, o local, a população”, assinalou. Para fazer esse painel, ele estudou os três símbolos e suas conexões antes de dar vida ao mural. Além disso, foi preciso muita tinta: mais de 100 litros de tinta e algumas latas de spray. “Foram 20 galões de 3,6 litros de cores diversas em esmalte sintético, um galão de 18 litros de látex de acrílico e 5 galões de 3,6 litros de verniz”, contou. A parede já estava preparada.

Esse é o quarto trabalho do artista no Estado, sendo um também em Porto Alegre, Lajeado e Santa Maria.  O artista gosta de participar de revitalização de cidades e já fez isso em muitos locais do mundo. Além de pintar pessoas, também empresta seu talento para temas como ciências e fé, exaltando a crença em ambos e não a contradição, sustentabilidade, defesa da causa animal entre outros. 


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